A ocupação do território e a exploração dos recursos durante a Pré-História Recente do Noroeste de Portugal

Abstract

Apesar das dificuldades interpretativas resultantes, em parte, da escassez de alguns dados ambientais, o cruzamento interdisciplinar entre o resultado dos ecofactos e vestígios arqueológicos permitiu-nos colocar a hipótese de que, a partir do Calcolítico, ocorrem comunidades com um sistema agro-silvo-pastoril estável, baseado no cultivo de cereais e de leguminosas, na exploração da floresta climácica e na criação de ovicaprinos. Esta situação parece manter-se durante as Idades do Bronze Inicial e Médio onde, a par da manutenção do cultivo do trigo de grão nu e da cevada, aparecem, pela primeira vez, o milho miúdo e as crucíferas, a indiciar uma maior especialização agrícola e uma intensificação desta práticas. Os resultados das colunas polínicas realizadas para o Noroeste Peninsular permitem as mesmas considerações. Apesar da amostra arqueozoológica ser reduzida, não deixa de ser curioso o facto de aparecerem, no Calcolítico e na Idade do Bronze, restos de cozinha maioritariamente compostos por ovicaprínos.Durante o Calcolítico denotam-se, também, evidências da caça ao cervo. Em termos do aproveitamento dos recursos do coberto vegetal, a recolecção de frutos é ainda uma actividade importante, assim como a exploração dos carvalhos e das fabáceas.