The voluntary adoption of IASB accounting standards in Portugal : the pioneering cases of Jerónimo Martins and Sonae Sierra

Abstract

European firms adopted International Financial Reporting Standards (IFRS) voluntarily, even before the issuance, in July 2002, of the European Union Regulation 1606/2002 (IAS Regulation). In Portugal, before the issuing of the IAS Regulation, only two companies adopted IFRS on a voluntary basis: Jerónimo Martins (JM) and Sonae Sierra (SS), in 2000 and 2001 respectively. Though the globalisation of business might have created a rational economic demand for the adoption of IFRS, evidence on the claim that IFRS leads to higher quality, transparent, and comparable financial reporting, is somewhat mixed or lacks of empirical support. But IFRS adoption can at best be only partially explained as an economically rational phenomenon. There is a shortage of international accounting studies that follow a more interpretative approach and that comprehensively examine rationalities other than technical ones and which focus on actors and on the change process itself. The objective of this study is to explore the institutional and micro-processual dynamics of the adoption of IFRS by JM and SS, as the first Portuguese companies to adopt IFRS on a voluntary basis. Responding to a call for a dialogue between institutional and practice theorists, this thesis presents a theoretical framework which combines New Institutional Sociology (NIS) with Actor-Network theory (ANT) and an in-depth study of the voluntary adoption of IFRS by JM and SS. While NIS assists this study in identifying “why” IFRS were adopted, the scope of neo-institutional analysis is complemented with the ANT framework in order to understand “how” these standards have become embedded in organisational rhetoric and practice. ANT complements NIS by providing an understanding of the process of institutionalisation of IFRS as it goes inside the company. The findings of the two case studies revealed that the adoption of IFRS was responsive for both economic and institutional pressures, and that coercive and mimetic rationales were interdependent dimensions in the voluntary adoption of IFRS, while normative pressures were found inexistent in the decisions taken by the companies. The adoption of IFRS by JM and SS has been approached as a process of actor-network building, a translation process, where IFRS technical characteristics were not enough to explain the success of its diffusion.

Algumas empresas europeias adotaram voluntariamente as International Financial Reporting Standards (IFRS), mesmo antes da emissão, em Julho de 2002, do Regulamento Nº. 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho (Regulamento IAS). Em Portugal, só duas empresas adotaram as IFRS antes da aprovação deste Regulamento: a Jerónimo Martins (JM) e a Sonae Sierra (SS), em 2000 e 2001 respetivamente. Num cenário de atuação cada vez mais global, a adoção das IFRS por empresas, organizações e países tem sido motivada e justificada com base em argumentos que relacionam a adoção deste normativo com o aumento da comparabilidade, transparência e qualidade do relato financeiro e a diminuição do custo de capital. No entanto, a evidência empírica que corrobora esta relação é insuficiente e contraditória. A adoção das IFRS só parcialmente poderá ser justificada como uma decisão economicamente racional. Reconhecendo a escassez de estudos de contabilidade internacional que sigam um paradigma interpretativo e que analisem de modo abrangente (para lá das motivações técnicas e de eficiência) os atores envolvidos e os processos de mudança em si mesmos, este estudo analisa as dinâmicas institucionais e micro-processuais da adoção das IFRS na JM e na SS, as primeiras empresas portuguesas a adotar voluntariamente este normativo. Esta Tese adota uma estrutura teórica que combina o Novo Institutionalismo Sociológico (NIS) e a Teoria Actor-rede (ANT). Enquanto o NIS permite identificar o “porquê” da adoção das IFRS, a ANT complementa a teoria institucional de modo a entender “como” as IFRS foram incorporadas na retórica e prática organizacional. A ANT complementa a NIS ao permitir compreender o processo de institucionalização das IFRS à medida que este é internalizado pela empresa. Os resultados dos dois estudos de caso mostram que as racionalidades económicas e institucionais foram influentes na adoção das IFRS. O estudo identificou pressões interdependentes de natureza coerciva e mimética na adoção voluntária das IFRS na JM e na SS, enquanto influências normativas não foram identificadas. A adoção das IFRS nestas empresas foi analisada como um processo de construção de uma rede-ator, um processo de translation, onde as características técnicas das IFRS são insuficientes para explicar o sucesso da sua difusão.