Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/28782

TítuloCapacidade de memória operatória: efeitos das funções inibitórias de restrição, acesso e eliminação da informação
Autor(es)Oliveira, Célia Regina Gomes
Orientador(es)Albuquerque, Pedro Barbas
Data8-Nov-2013
Resumo(s)A memória operatória tem sido definida como o sistema responsável pela manutenção, manipulação e recuperação da informação durante a realização de actividades cognitivas complexas, tais como, actividades de raciocínio, compreensão verbal ou aprendizagem (Baddeley, 2010, 2012; Unsworth & Engle, 2008). Na mesma linha, a Capacidade de Memória Operatória (CMO) refere-se habitualmente à amplitude de memória operatória em tarefas que combinam actividades de processamento e de retenção temporária da informação (Conway et al., 2005; Hudjetz & Oberauer, 2007). Na investigação dos limites de CMO destacam-se os estudos que evidenciam o contributo de algumas competências atencionais para a explicação das diferenças individuais de CMO, ainda que se discuta o papel e a actuação destas competências. Genericamente os paradigmas dominantes explicam estas diferenças individuais a partir da necessidade de intervenção, na memória operatória, de mecanismos executivos, ou de controlo atencional, que permitam simultaneamente manter a informação a reter e controlar ou inibir a informação distractiva (e.g., Baddeley, 2012; Barrouillet, Bernardin, & Camos, 2004; Conway & Engle, 1994; Cowan, 2005a, 2010; Engle, 1996, 2002, 2005, 2010; Hofmann, Schmeichel, & Baddeley, 2012). Neste particular, a exploração dos efeitos dos processos inibitórios tem sido apontada como potencialmente útil para a compreensão do papel dos mecanismos atencionais implicados na CMO (e.g., Hasher, Lustig, & Zacks, 2007; Redick, Heitz, & Engle, 2007). Grosso modo, assume-se que os processos inibitórios dependem dos recursos atencionais disponíveis e desempenham funções centrais no controlo da informação irrelevante que compete com a informação a reter. Embora corrobore esta hipótese, a evidência empírica disponível é ainda escassa e dominada pelos estudos correlacionais e diferenciais. Os dados mais consistentes apontam para uma forte associação entre o desempenho em tarefas de inibição e de memória operatória. Porém, a primazia e os efeitos específicos das funções inibitórias na CMO permanecem alvo de esclarecimento e controvérsia (Hanley & Hayes, 2012; Healey et al., 2010; Lustig, Hasher, & Zacks, 2007; Oberauer & Bialkova, 2009; Unsworth & Engle, 2007; Zeintl & Kliegel, 2010). Considerando as necessidades de investigação e a taxonomia de funções inibitórias estabelecida por Hasher e colaboradores (2001), propusemo-nos averiguar o impacto das funções inibitórias de restrição, acesso e eliminação da informação na Capacidade de Memória Operatória. Na operacionalização deste objectivo recorreu-se ao paradigma experimental da dupla-tarefa para manipular os efeitos de cada uma das funções inibitórias numa medida de CMO [tarefa de amplitude operacional (cf. Turner & Engle, 1989; Unsworth et al., 2005)], tendo daí resultado o desenvolvimento de três estudos. No estudo 1 investigou-se o impacto da função inibitória de restrição nos resultados de CMO, através da manipulação da inibição de respostas salientes na tarefa de amplitude operacional. Este estudo incluiu três experiências baseadas nos estímulos neutros e incongruentes do paradigma de Stroop (1935). No estudo 2 procurou-se averiguar o efeito da função inibitória de acesso na CMO através da manipulação da atenção selectiva na tarefa de amplitude operacional, recorrendo ao paradigma de escuta dicótica. No estudo 3 explorou-se o efeito da função inibitória de eliminação da informação na CMO, adaptando o procedimento de Wickens (1970, Wickens et al., 1963) à tarefa de amplitude operacional_, o que permitiu aprofundar o impacto da interferência proactiva na amplitude de memória operatória. Nos três estudos, os resultados globais evidenciam a partilha de recursos cognitivos entre as tarefas de inibição e de CMO, conforme demonstrado pela diminuição significativa da amplitude de memória operatória nas condições de aumento da exigência inibitória da tarefa de amplitude operacional. Além disso, a comparação de subgrupos contrastantes, quanto à amplitude de memória operatória, permitiu concluir que uma maior CMO está associada a uma maior mobilização de estratégias de controlo atencional (estudo 1), maior mobilização de estratégias de atenção selectiva (estudo 2) e maior resistência à interferência proactiva (estudo 3). Estes estudos revelaram ainda dois efeitos originais: um efeito facilitador da função inibitória de restrição no desempenho dos participantes com baixa CMO, que se atribuiu à mobilização de estratégias de processamento descendente; e um efeito de recência intra-ensaios, que é específico das condições de acumulação de interferência proactiva e transversal à generalidade dos grupos. Em conjunto, os resultados obtidos: (1) clarificam o papel e os efeitos das funções inibitórias de acesso, eliminação e restrição da informação na Capacidade de Memória Operatória; (2) revelam variações nas estratégias de processamento em função das diferenças individuais de CMO; (3) apoiam a hipótese da flexibilidade dos limites de CMO; e (4) reforçam uma conceptualização executiva do funcionamento deste sistema de memória.
Working Memory has been defined as the cognitive system responsible for the maintenance, manipulation and retrieval of information during the performance of complex cognitive tasks, such as reasoning, verbal comprehension, or learning (Baddeley, 2010, 2012; Unsworth & Engle, 2008). According to this definition, the concept of Working Memory Capacity (WMC) usually denotes working memory span results in tasks that combine the concurrent storing and processing of information (Conway et al. 2005; Hudjetz & Oberauer, 2007). In the study of WMC data shows the contribution of some attentional abilities to explain individual differences in WMC, in spite of the debate about the role and specific action of these abilities. The dominant theoretical paradigms underline the need of attentional control mechanisms in the process of simultaneously maintaining relevant information and controlling irrelevant information in working memory (e.g., Baddeley, 2012; Barrett, Tugade & Engle, 2004; Barrouillet, Bernardin, & Camos, 2004; Conway & Engle, 1994; Cowan, 2005a, 2010; Engle, 1996, 2002, 2005, 2010; Hofmann, Schmeichel, & Baddeley, 2012). Accordingly, it has been suggested that the study of inhibitory processes may be potentially useful to understand the role of attentional mechanisms in WMC (e.g., Hasher, Lustig, & Zacks, 2007; Redick, Heitz, & Engle, 2007). Broadly, it is assumed that inhibitory processes depend on the attentional resources, and that inhibition performs an important role in the control of irrelevant information, which, otherwise, disturbs the maintenance of relevant information in working memory. However, the empirical exploration of this hypothesis is still scarce and dominated by correlational and differential studies. The most consistent results show a significant correlation between performance on inhibitory and working memory tasks. However, the specific impact of inhibitory processes and the role they play in WMC remain unclear and a source of controversy (Hanley & Hayes, 2012; Healey et al., 2010; Lustig, Hasher, & Zacks, 2007; Oberauer & Bialkova, 2009; Unsworth & Engle, 2007; Zeintl & Kliegel, 2010). Based on these research problems and in the taxonomy of inhibitory functions proposed by Hasher and colleagues (2001), we aimed to investigate the impact of inhibitory functions of restraint, access and deletion on Working Memory Capacity. To accomplish this objective, we used the dual-task paradigm and manipulated the inhibitory demands of the Operation Span Task (Ospan - Engle et al., 1992; Turner & Engle, 1989). This option resulted in the development of three separate studies. In the first study we investigated the impact of restraint function in WMC, by manipulating the inhibition of prepotent responses in Ospan task. This study included three experiments based on the presentation of neutral and incongruent stimuli of Stroop paradigm (1935). In the second study we explored the impact of the inhibitory function of access on WMC through the manipulation of selective attention in the Ospan task, using the dichotic listening paradigm. In the third study we intended to determine the effect of inhibitory function of deletion on WMC, through the adaptation of the Wickens (1970, Wickens et al., 1963) paradigm to the presentation of Ospan task. This procedure also allowed us to explore the impact of proactive interference on working memory span. Overall results show that inhibition and WMC tasks share cognitive resources, as shown by the significant decrease in working memory span along with the increasing of inhibitory demands in Ospan task. Furthermore, comparison of contrasting working memory span groups indicates that a higher WMC is associated with: increased allocation of attentional control strategies (study 1); increased allocation of selective attention strategies (study 2); and with greater resistance to proactive interference (study 3). Results also revealed two original effects: a facilitative effect of the inhibitory function of restraint in low-span groups, attributed to the allocation of top-down processing strategies; and a recency effect within-trials of the Ospan task, which is specific to conditions of proactive interference building. Altogether, our studies: (1) help to clarify the role and the effects of the inhibitory functions of restraint, access and deletion on WMC; (2) reveal differences in processing strategies due to individual differences in WMC; (3) support the hypothesis of some flexibility in WMC limits; and (4) reinforce an executive approach to explain working memory functioning.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Psicologia (área de especialização em Psicologia Experimental e Ciências Cognitivas)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/28782
AcessoAcesso restrito UMinho
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CIPsi - Teses de Doutoramento

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