Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/29216

TítuloIntermitências na cultura visual contemporânea: o postal ilustrado e a imagem recreativa
Outro(s) título(s)Intermittences dans la culture visuelle contemporaine: la carte postale illustrée et l’image récréative
Intermittences in the contemporary visual culture: the picture postcard and the recreative
Autor(es)Correia, Maria da Luz
Orientador(es)Martins, Moisés de Lemos
Maffesoli, Michel
Palavras-chaveCultura visual
Recreação
Imagem
Técnica
Estética
Postal ilustrado
Culture visuelle
Récréation
Image
Technique
Esthétique
Carte postale
Visual culture
Recreation
Image
Technique
Aesthetics
Picture postcard
Data22-Jun-2013
Resumo(s)Compreendendo a cultura visual contemporânea como resultante do jogo vivido entre as condições socioeconómicas, os avanços tecnológicos e as operações artísticas ao longo dos últimos dois séculos, perguntamo-nos: Quais as relações entre a imagem, a palavra e o real daí decorrentes? Quais as ligações entre os diferentes dispositivos do atual contexto mediático? Como caraterizar a interação entre as operações artísticas, o comércio social de imagens e os valores fundadores da instituição estética (arte/não arte, high/low, autor/espetador, original/cópia...)? Esta problemática encontra uma direção mais precisa na análise das imagens e dos usos do postal ilustrado ao longo das três primeiras décadas do séc. XX e dos anos 80, 90 e 2000 e ainda na recoleção das apropriações artísticas deste média, inseparável do advento da fotografia e da instalação de uma rede postal de comunicação mundial. Consideramos que, embora o arquivo científico em torno da iconografia coletiva se torne progressivamente extenso, nomeadamente com a afirmação de domínios epistemológicos que vão da sociologia do imaginário aos visual cultural studies, para apenas citar dois recentes exemplos, este não dispensa e pelo contrário torna premente uma persistente revisão da teoria da imagem, que tenha em conta diferentes aspetos do processo de tecnologização da mesma, iniciado no séc. XIX com a fotografia e o cinema, e que prossegue hoje com as realidades digitais e os ambientes virtuais da Web 2.0.... A revisão deste trajeto é elaborada no nosso estudo a partir das ideias de recreação e de remediação. A imagem recreativa corresponde a uma conceção paradoxal da imagem e da técnica enquanto entidades que seriam, por um lado, vocacionadas para “uma sensibilidade puxada à manivela”, retomando a expressiva fórmula de Moisés de Lemos Martins (2011), através de formas de alienação e de automatização, e por outro lado, favoráveis ao exercício da experiência e à afirmação da condição histórica, através de táticas de reinvenção, de rearranjo e de conserto. A noção de remediação, terminologia sugerida por Bolter & Grusin (2000) pressupõe um entendimento do complexo mediático contemporâneo enquanto um todo interdependente, unido por relações de colaboração e de hibridação não cronológicas, que entra em rutura com o linear esquema sequencial que distingue novos e velhos média. Uma cultura atravessada por táticas de recreação e de remediação é ainda, como o entreviu o visionário pensamento de Walter Benjamin (1991, 1992), uma cultura onde se instabilizaram as fronteiras entre as posições de autor e de espetador, os estatutos de original e de cópia, de high e de low, categorias artificiais de caráter normativo que se destinariam a legitimar o discurso da instituição estética, mas que se manteriam ausentes no âmbito da nossa travessia espontânea e quotidiana de polimórficas atmosferas visuais e que seriam, de resto, alvo das mais heterogéneas derisões artísticas, paradoxalmente hoje assimiladas por essa mesma instituição estética. O postal ilustrado, outrora protagonista das exposições universais, hoje omnipresente nos grandes centros policulturais de arte moderna e contemporânea – nas suas lojas, nas suas salas e nos seus espaços de ócio, como cafetarias, bares e restaurantes – insere-se na nossa problemática de modo especialmente pertinente: objeto entre a arte e o comércio, com imagens e palavras, veículo da fotografia e parente próximo do cinema, o postal presta-se tanto à exploração de uma estereotipia dos afetos como se oferece às artimanhas, aos truques e às montagens dos seus usuários. Não obstante o mal-estar generalizado que paira sobre as ideias de cultura, de imagem e de arte desde o início do séc. XX com a crítica às indústrias culturais até à atualidade com os ataques à sociedade do espetáculo de Guy Debord e à sociedade do simulacro de Jean Baudrillard, propomo-nos seguir a simples mas trabalhosa máxima proposta por Michel Maffesoli (1998) de “dire oui à la vie”, mapeando os intervalos de ação, os fragmentos de experiência e os pedaços de história coletados pelos mais conhecidos e mais anónimos, pelos mais excepcionais e pelos mais banais recreadores da imagem e refazedores do real.
La culture visuelle contemporaine ne peut pas être comprise sans avoir à l’esprit l’enjeu entre les conditions socio-économiques, les avancées technologiques et les opérations artistiques au cours des deux derniers siècles. C’est en considérant cet enjeu, qu’on s’interroge: Quels sont les rapports entre l'image technique, la parole et le réel? Quels sont les liens entre les différents dispositifs qui composent l’ensemble médiatique actuel? Comment peut-on décrire l'interaction entre les opérations de l’art, le commerce social des images et les valeurs fondatrices de l’institution esthétique (art / pas de l'art, haut / bas, auteur / récepteur, original / copie ...)? Ce questionnement prend une direction plus précise, par le biais de l’étude des images et des usages de la carte postale illustrée au cours des trois premières décennies du XXème siècle et des années 80, 90 et 2000. Concomitante à l'avènement de la photographie et à l’émergence d'un réseau postal de communication mondiale, la carte postale illustrée sera également analysée à partir d’une recollection de ses appropriations artistiques. Malgré l’étendue de l’archive scientifique dédiée à l'iconographie collective, notamment concernant des champs épistémologiques tels que la sociologie de l'imaginaire et les visual cultural studies, pour ne citer que deux exemples récents, il est à notre avis fort nécessaire de relire la théorie de l'image, tout en tenant compte des différents aspects du processus d’appareillement technique de l’image, qui s’ébauche au cours du siècle. XIX avec la photographie et le cinéma, et qui se poursuit aujourd'hui avec les réalités virtuelles et les ambiances numériques de la Web 2.0 ... La présente étude considère ce trajet à partir de deux notions fondamentales : l’idée de récréation et la conception de remédiation. L'image récréative traduit la reconnaissance de la nature paradoxale de l’image et de la technique : celles-ci seraient, d’une part, des entités douées d’”une sensibilité tirée à la manivelle” (Moisés Martins Lemos , 2011), qui se manifesterait sous les formes de l'aliénation et de l'automatisation ; d'autre part, l’image et la technique, une fois appropriées par des tactiques de réinvention, de recomposition et de réparation, deviendraient des instances favorables à l'expérience et à l'affirmation de notre condition historique. À son tour, la notion de remédiation, terminologie suggérée par Bolter et Grusin (2000), présuppose une affirmation de l’interdépendance des medias contemporains ; ceux-ci seraient un ensemble solidaire uni par des liens de collaboration non chronologiques, contraires au schéma séquentiel qui oppose les nouveaux aux vieux médias. Une culture traversée par la récréation et la remédiation est également, comme l’a constaté l’oeuvre visionnaire de Walter Benjamin (1991, 1992), une culture où se troublent les frontières entre les statuts de l'auteur et du récepteur, de l’originel et de la copie, de l’high et du low, statuts normatifs artificiels destinés à légitimer le discours de l'institution esthétique. Absentes de notre traversée quotidienne et spontanée de la polymorphie des ambiances visuelles, les dichotomies mentionnées seraient l’objet de nombreuses dérisions artistiques, aujourd'hui paradoxalement assimilées par l’institution esthétique. La carte postale, autrefois protagoniste des grandes expositions universelles, et aujourd'hui omniprésente dans les espaces polyculturelles de l'art moderne et contemporain - dans leurs magasins, leurs salles d’exposition et leurs aires de loisir tels que les cafés, bars et restaurants -, revêt un intérêt particulier pour l’approfondissement de ce débat: objet entre l’art et le commerce, avec des images et des mots, vecteur de diffusion de la photographie et proche du cinéma, la carte postale illustrée se prête tantôt à l'exploration d'une stéréotypie d’affects tantôt à la concertation d’astuces et de ruses, à l’expérimentation de truquages et de montages de la part de ses utilisateurs. Nonobstant le malaise général qui pèse sur les idées de culture, d'art et d'image, depuis le début du XXème siècle avec les critiques qui visaient les industries culturelles, jusqu’à nos jours avec les attaques contre la société du spectacle de Guy Debord (2006) et la société du simulacre de Jean Baudrillard (1988), nous acceptons de suivre la maxime simple mais laborieuse proposée par Michel Maffesoli (1998) de “dire oui à la vie", en cartographiant les intervalles d'action, les fragments d'expérience et les morceaux d'histoire collectés par les plus connus et les plus anonymes, les plus rares et les plus banaux recréateurs de l’image et refaiseurs du réel.
Understanding contemporary visual culture as a result of the game between socio-economic conditions, technological advances and artistic operations over the past two centuries, we ask ourselves: What are the relationships between image, word and the reality? What are the connections between different devices of the current media context? and the interaction between operations artistic, images’ social commerce and the founding values of the aesthetic institution (art / non art, high / low, author / viewer, original / copy ...)? This broad issue finds a more accurate direction in the analysis of images and uses of the postcard over the first three decades of the century XX and 80, 90 and 2000 and also in the recollection of this artistic media appropriation, inseparable from the advent of photography and installation of a network of world postal communication. We believe that, although the scientific archive about the collective iconography progressively becomes more extensive, particularly with the affirmation of epistemological fields ranging from sociology of the imaginary to the visual cultural studies, just to mention two recent examples, this does not make it unnecessary, on the contrary, it makes it urgent to persistently review the theory of the image, which takes into account different aspects of the same technologization process, started in the century XIX with photography and film, and which continues today with the realities of digital and virtual environments web 2.0 ... The review of this path is drawn in our study with the support of the notions of recreation and remediation. The recreational image corresponds to a paradoxical conception of image and technique as entities that would be, on the one hand, aimed at "a sensitivity pulled by the crank," retaking the expressive formula of Moisés de Lemos Martins (2011), through forms of alienation and automation and, on the other hand, the favourable to the exercise of experience and the affirmation of the historical condition, through reinvention, rearrangement and repair tactics. The notion of remediation, terminology suggested by Bolter & Grusin (2000), requires an understanding of the complex contemporary media as an interdependent whole, united by non-chronological relationships of collaboration and hybridization, which rupture with the linear sequential scheme that distinguishes new and old media. A culture crossed by recreation and remediation tactics is also, as the visionary thought of Walter Benjamin (1991, 1992) glimpsed, a culture where the boundaries between the positions of author and viewer, the status of original and copy and high and low have been weakened, artificial normative categories that were intended to legitimize the discourse of aesthetic institution, but which would remain absent within our daily and spontaneous route of polymorphic visual atmospheres and would be, moreover, object of the most heterogeneous artistic derisions, paradoxically today assimilated by that aesthetics institution. The picture postcard, once the protagonist of universal expositions, today ubiquitous in major policultural centres of modern and contemporary art - in its stores, in their classrooms and in their leisure spaces, such as coffee shops, bars and restaurants - fits our problem in a very particular way: object between art and commerce, with pictures and words, photography vehicle, close relative of cinema, the postal lends itself both to the exploration of a stereotypy of affects and it also offers to tricks, the tricks and the assemblies of its users. Nevertheless the general malaise that hangs over the ideas of culture, art and picture from the beginning of the XX century with the critic to the cultural industries up to the present day with the attacks to the society of the spectacle of Guy Debord and the society of the simulacrum of Jean Baudrillard, we propose the following simple and laborious maximum suggested by Michel Maffesoli (1998), "dire oui à la vie", mapping the intervals of action, the fragments of experience and the pieces of history collected by the best known and most anonymous, for the most exceptional and the most banal recreators of the image and the remakers of the real.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese doutoramento Ciências da Comunicação (área de especialização em Teoria da Cultura)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/29216
AcessoAcesso restrito UMinho
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CECS - Teses de doutoramento / PhD theses

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