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TítuloUm valoroso lugar incerto: a cartografia do humano em Uma viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares
Autor(es)Meneses, Pedro Manuel Ribeiro Sousa
Orientador(es)Ribeiro, Eunice
Mourão, Luís Alberto Seixas
Rayner, Francesca
Palavras-chaveÉtica
Desejo
Melancolia
Viagem
Tempo
Gonçalo M. Tavares
Ethics
Desire
Melancholy
Trip
Time
Data1-Fev-2018
Resumo(s)Este estudo tem, como seu objetivo central, analisar Uma viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares, explicando alguns dos seus temas e motivos fundamentais e relacionando-a com o seu hipotexto, Os Lusíadas, e com Ulysses de James Joyce, de cujo protagonista, Bloom, se apropriou. Procura-se compreender não só como se atualizam episódios e temas da epopeia camoniana, mas também como se investe de valor filosófico e civilizacional uma figura, Bloom. Inicialmente, damos conta da singularidade do território textual de Gonçalo M. Tavares, traçando algumas das suas linhas temáticas e formais fundamentais, com recurso a alguma formulação teórica do próprio autor em livros como Roland Barthes e Robert Musil ou O senhor Breton, lendo-as enquanto expressão do desejo (Deleuze). Evidencia-se, no primeiro capítulo, como Nietzsche é a referência central para a desconstrução da metafísica que, segundo a nossa leitura, Uma viagem à Índia desenvolve. Definimos, em capítulos iniciais, alguns dos temas principais desta obra, como a ética e a incorporação do banal na arte moderna, em que moldes o autor atualiza a epopeia e, ato contínuo, problematiza a noção de modernidade (Franco Moretti). Um dos temas centrais da epopeia tavariana é o amor, aqui articulado com o tema da melancolia (Roland Barthes). Vemos como Bloom se torna, patologicamente, um ser de pensamento e um teórico, e como isso é intrínseco à condição humana na modernidade tardia (Peter Sloterdijk). Com a viagem, Bloom adensa a melancolia, que se converte em desilusão, crime e tentativa de suicídio. Por um lado, Bloom não teve calma e ironia suficientes para digerir um conhecimento insuportável. Por outro, a viagem, na sua circunstância contemporânea, acentua a inércia e o embotamento de Bloom, pois é previsível e essencialmente óptica (Paul Virilio). De qualquer modo, o sofrimento, na linha de leitura que o texto de Tavares parece propor, não pode ser uma desculpa para não agir, para escapar a reinvenção ético-existencial (Ortega y Gasset), não atualizando a sua potência, mantendo-a pura, como se Bloom fosse imortal (Agamben). Todavia, para lá de um certo limite de dor, que Bloom terá franqueado depois do segundo crime, só é possível continuar vivo sob o signo de Saturno, não é mais possível gastar as possibilidades de um corpo.
This study aims at analysing Gonçalo M. Tavares’s Uma viagem à Índia, explaining some of its fundamental themes and motifs and relating it to its hypotext, Os Lusíadas, and to James Joyce’s Ulysses, whose protagonist, Bloom, has been appropriated. Our work seeks to understand both how the episodes and themes of the Camonian epic are updated, and how a figure, Bloom, is invested with philosophical and civilizational value. First, we discuss the singularity of the textual territory of Gonçalo M. Tavares, tracing some of its fundamental thematic and formal lines, by endorsing some of the author’s theoretical formulations in books such as Roland Barthes e Robert Musil and O senhor Breton, interpreting them as expressions of desire (Deleuze). According to our reading, Nietzsche is clearly the key reference for the deconstruction of the metaphysics which Uma viagem à Índia develops. In our initial chapters, we define some of the main themes of Tavares’ work, such as ethics and the incorporation of the common in modern art, in which ways the author updates the epic, at the same time, problematizing the notion of modernity (Franco Moretti). One of the central themes of the Tavarian epic is love, articulated here with the theme of melancholy (Roland Barthes). We observe how Bloom becomes, pathologically, a being of thought and a theorist, and how this is intrinsic to the human condition in late modernity (Peter Sloterdijk). In his journey, Bloom deepens his melancholy that turns into delusion, crime and in a suicide attempt. On the one hand, Bloom wasn’t calm or ironic enough to digest unbearable knowledge. On the other hand, the journey, in its contemporary occurrence, emphasizes Bloom’s inertia and dullness, since it is predictable and essentially optical (Paul Virilio). In any case, in line with the reading that Tavares’s text seems to suggest, suffering can’t be an excuse not to take action, to avoid ethical-existential reinvention (Ortega y Gasset), without refreshing its power and keeping it pure, as if Bloom were immortal (Agamben). However, beyond a certain limit of pain, which Bloom will have cleared away after the second crime, the only chance of staying alive is under the sign of Saturn, it is no longer possible to spend the possibilities of a body.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Ciências da Literatura (Especialidade em Literatura Comparada)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/54992
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CEHUM - Teses de Doutoramento
ELACH - Teses de doutoramento

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Pedro Manuel Ribeiro de Sousa Meneses.pdfTese de Doutoramento5,76 MBAdobe PDFVer/Abrir

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