Competências e necessidades formativas dos optometristas portugueses: um inquérito nacional

Abstract

A Organização Mundial de Saúde coloca o Optometrista na posição de prestador de cuidados primários para a saúde da visão definindo claramente as suas competências e o seu âmbito de prática clínica. Em Portugal são inexistentes os estudos na área das competências profissionais dos Optometristas ou da sua atuação no panorama da saúde. Tal evidência, aponta para a necessidade nacional de um estudo deste âmbito, baseado nos procedimentos executados, habilitações académicas e âmbito de prática habitual. Foi elaborado um inquérito por questionário, tendo como grupo-alvo a população optométrica portuguesa, que averiguasse o nível de formação académica, as competências e procedimentos clínicos mais frequentemente executados, as carências formativas e os níveis de segurança no desempenho de determinados procedimentos. A amostra validada possuía 78,8% de Licenciados, 20,5% de Mestres e 0,7% de Doutorados em Optometria. Os resultados deste estudo permitiram concluir que as competências mais frequentemente realizadas pelos optometristas portugueses constituem uma visão bastante redutora do estipulado internacionalmente, baseandose em Refração, Saúde Ocular Básica, Contactologia e Optometria Pediátrica em Idade Escolar (> 6 anos). As necessidades formativas mais sentidas ocorrem ao nível da Farmacologia Ocular Aplicada, Prescrição Prismática, Optometria em Populações com Necessidades Especiais, Contactologia em Casos Especiais, Baixa Visão e Estágio em Ambiente Clínico/Hospitalar. Experiência profissional de 10 anos ou mais e habilitações de Mestrado/Doutoramento traduzem-se em mais competências, em maiores níveis de segurança e menores necessidades formativas. Maior frequência de execução de determinados procedimentos traduz-se em elevados níveis de segurança e menores necessidades formativas na área. Optometristas que executem mais frequentemente, e com elevada segurança, determinados procedimentos, tendem a executar também com elevada frequência procedimentos complementares com elevada segurança.

The World Health Organization places the Optometrist in the position of primary eye care provider by clearly defining its competencies and scope of clinical practice. In Portugal there are no studies about professional competencies of the Optometrists or their performance in the health service. Such evidence, points to the national need for a study at this level, based on academic qualifications, procedures performed, training needs and scope of usual practice. A questionnaire survey was carried out, with the Portuguese optometric population as the target group, ascertaining the level of academic qualifications, the clinical procedures most frequently performed, the training needs felt and the safety levels in the performance of certain procedures. The validated sample had 78.8% of Graduates, 20.5% of Masters and 0.7% of PhDs in Optometry. The results of this study allowed us to conclude that the competences most frequently performed by Portuguese optometrists are a very reductive view of the internationally stipulated, based on Refraction, Basic Ocular Health, Contactology and Paediatric Optometry in School Age (> 6 years old). The most important training needs occur at the level of Applied Ocular Pharmacology, Prismatic Prescription, Optometry in Populations with Special Needs, Contactology in Special Cases, Low Vision and Clinical/Hospital Internship. Professional experience of 10 years or more and Master's/PhD qualifications give rise to more skills, higher levels of safety and lower training needs. Higher frequency of execution of certain procedures translates into high levels of safety and less training needs in the area. Optometrists who perform more frequently, and with high safety, certain procedures also tend to perform additional procedures with high frequency with high security.