Estudo da aberrometria e refração periférica em lentes de contacto desenhadas para o controlo da progressão da miopia

Abstract

Objetivo: Determinar os efeitos que as lentes de contacto desenhadas para o controlo da progressão da miopia induzem no desfoque periférico da imagem (através da medida da refração periférica) e na qualidade ótica do olho (através do estudo da aberrometria). Métodos: Foram analisados 18 olhos direitos ou esquerdos aleatoriamente escolhidos de 18 pacientes com idades de 21,78 ± 2,51 anos [18 a 29 anos], com uma refração esférica equivalente de M= - 2,57 ± 1,77 D [-0,50 a -5,50 D] e com astigmatismo abaixo de -1,00 D. Todos os pacientes usaram uma lente de contacto monofocal (Baseline – lente controlo) e três lentes de contacto desenhadas para o controlo da progressão da miopia (lentes protótipo), aplicadas nos olhos alvo do estudo em ordem aleatória. Começaram por se registrar os valores da refração periférica (através do através do autorrefratómetro de campo aberto) e posteriormente foi analisada a qualidade ótica do olho (através do aberrómetro IRX3). As variáveis (refração periférica e aberrometria) foram estudadas com as quatro lentes de contacto. Resultados: Verificou-se que todas as lentes protótipo alteraram a refração periférica na retina temporal aos 20 e 30º de excentricidade. A lente 1 induz as mudanças mais fortes na refração periférica, particularmente na retina temporal (campo visual nasal). Relativamente às aberrações, particularmente as de alta ordem (3ª à 8ª ordem), aumentaram significativamente nas quatro lentes de contacto (Baseline, Lente 1, Lente 2 e Lente 3), para valores de diâmetro pupilar de 3mm (p<0,001) e 5mm (p<0,001). Conclusões: As lentes de contacto desenhadas para o controlo da progressão da miopia induzem miopização periférica e um aumento significativo das aberrações óticas de alta ordem. Esta informação é relevante, por um lado, para determinar o potencial impacto na qualidade de imagem retiniana e, por outro, para estimar o efeito terapêutico que possam vir a ter no controlo da progressão da miopia. No entanto, a avaliação da performance visual e eficácia no controlo da progressão da miopia não foram abordados no âmbito deste estudo.

Objectives: The aim of this study was to evaluate the effect of myopia control lenses on peripherical image blur and optical quality, through peripherical refraction measurement and aberrometry technique, respectively. Methods: This study was undertaken in 18 right or left eyes randomly selected from patients with age 21.78 ± 2.51 [18 to 29] (years) and mean spherical equivalent refraction M=-2.57 ± 1.77 [0.50 to -5.50 D] (D) with refractive astigmatism below -1.00 D. All the patients wore one monofocal contact lense (Baseline - control lenses) and three myopia control lenses (prototype lenses) randomly applied on the selected eye. We started to record the peripheral refraction values from open field autorrefractometer and then we analyze the quality of the eye through aberrometer IRX3. The variables were assessed with the four lenses. Results: We verify that all the prototype lenses induced changes in peripheral refraction measurements from temporal retina at 20º to 30º degrees of eccentricity. Lens 1 induced the greater change in the peripheral refraction, particularly in temporal retina (nasal visual field). Aberractions, particularly high grade aberrations (3rd to 8th), increase significantly in all the four contact lenses (Baseline, Lense 1, Lense 2, Lense 3), for pupil diameters of 3 mm (p<0.001) and 5 mm (p<0.001). Conclusions: Contact lenses designed for myopia progression control leads to peripheral myopization and a significant increase of high order optical aberrations. This is important to establish the impact on image quality and to assess the potential therapeutic effect on myopia progression control. However, visual performance and myopia progression control effectiveness were not assessed on this study.