Construindo conceitos matemáticos a partir da exploração da natureza e de recursos naturais

Abstract

Neste relatório explicita-se um projeto, desenvolvido em contexto de pré-escolar e primeiro ciclo, no concelho de Famalicão, com o objetivo de explorar a Floresta como forma de construir conhecimento e promover atividades na área da Matemática. Esta ideia nasceu do interesse de incluir a natureza na aprendizagem e na potencialidade da mesma desenvolver noções importantes para as crianças. Há estudos que mostram que, quando dada a oportunidade, segura e responsável, as crianças dão preferência à aprendizagem em ambientes repletos de natureza, e ou, recorrendo a elementos naturais (Titman, 1994; Spencer & Blades, 2006), pois estes locais apresentam um conjunto de situações complexas, desafiantes e estimulantes para as crianças. (Fjortoft, 2004). O presente estudo procura responder às seguintes questões de investigação: (1) Como criar e desenvolver tarefas que proporcionem o máximo de aprendizagens matemáticas possíveis para estas crianças, recorrendo à natureza? (2) De que forma essas atividades, baseadas na natureza, contribuem para a construção de conceitos matemáticos? Para tal, adotou-se uma metodologia de natureza qualitativa, com contornos de investigação-ação. Os dados foram recolhidos através dos seguintes métodos: (1) observação participante; (2) imagens filmadas e fotografadas; (3) gravações de voz; (4) dos diários de aula; (5) produções das crianças. Foram implementadas idas frequentes à floresta, em que as crianças observavam e exploravam livremente o espaço e as suas potencialidades, sendo depois, planeadas tarefas que contribuíssem para uma melhor aprendizagem. Tudo o que foi observado, foi cuidadosamente trabalhado na floresta, ou, posteriormente, na sala. Optou-se ainda por uma abordagem transversal a todas as áreas, mas com uma atenção particular à área da Matemática. O trabalho que foi desenvolvido ao longo do projeto permitiu a abordagem de temas como a seriação, a contagem, os padrões, a comparação de atributos, a formação de conjuntos, sentido de número, a organização de dados, as formas geométricas e noções intuitivas de medição. Foi possível verificar a potencialidade da floresta na formação de aprendizagens significativas, contribuindo para a aquisição de vários conceitos.

This report explains a project, developed in the context of preschool and first cycle in the municipality of Famalicão, with the objective of exploring the forest as a way to build knowledge and promote activities in the area of mathematics. This idea was born from the interest of including nature in learning and its potential to develop important concepts for children. Studies show that when given a safe and responsible opportunity, children prefer learning in nature filled environments and/or using natural elements (Titman, 1994; Spencer & Blades, 2006), as these places present a set of complex, challenging and stimulating situations for children. (Fjortoft, 2004). The present study seeks to answer the following research questions: (1) “How to create and develop tasks that provide as much learning as possible using nature?”, and (2) “How do these naturebased activities contribute to the construction of mathematical learning and mathematical concepts?” To this end, a qualitative methodology was adopted, with an outline of action research. Data was collected through the following methods: (1) participant observation, (2) filmed and photographed images, (3) voice recordings, (4) class diaries, and (5) children's productions. Frequent trips to the forest were implemented, in which the children freely observed and explored the space and its potentialities, and then tasks were planned that contributed to better learning. Everything that was observed was either carefully worked in the forest or later in class. A cross-sectional approach to all areas was chosen, but more attention was given to the area of mathematics. The work that was developed throughout the project allowed us to approach topics such as ordering, counting, patterns, comparison of attributes, formation of sets, number sense, data organization, geometric shapes and intuitive notions of measurement. It was possible to verify the potential of forests in the formation of meaningful learning, contributing to the acquisition of several concepts.