Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/6640

TítuloVinculação e regulação autonómica nas perturbações alimentares
Outro(s) título(s)Attachment and autonomic regulation in eating disorders
Autor(es)Dias, Pedro
Orientador(es)Soares, Isabel
Fernandes, Carlos
Data13-Jun-2007
Resumo(s)A teoria da vinculação ocupa um lugar de destaque no domínio da psicologia do desenvolvimento desde meados do séc. XX, quando John Bowlby (1969/82, 1973, 1980) apresentou as principais linhas conceptuais que a constituem, tendo vindo a desempenhar um papel relevante na compreensão de processos normativos do desenvolvimento humano. Os contributos da teoria da vinculação, no entanto, ultrapassam este domínio, salientando-se a sua importância para o conhecimento dos processos de desenvolvimento da psicopatologia. Um dos grupos clínicos onde os processos relacionados com a vinculação são particularmente relevantes é o das perturbações do comportamento alimentar (cf., Soares, Dias, Machado & Klein, no prelo). O papel dos mecanismos de ordem biológica relacionados com a organização da vinculação, em crianças e adultos, tem obtido um interesse crescente por parte da comunidade científica, em particular no que respeita aos sistemas biológicos associados à resposta ao stress, de entre os quais se destacam a actividade electrodérmica e a actividade cardíaca em adultos (Dozier & Kobak, 1992; Roisman, Tsai & Chiang, 2004; Roisman, 2007). Este trabalho insere-se no contexto da aplicação da teoria e investigação da vinculação à compreensão de problemáticas clínicas recorrendo às contribuições da psicofisiologia para estudar o domínio biológico da organização da vinculação nesse domínio. Especificamente, procura examinar as relações entre a organização da vinculação e a actividade autonómica no contexto das perturbações alimentares. O estudo apresentado foi realizado junto de 47 pacientes com diagnóstico de perturbação do comportamento alimentar, acompanhadas em consultas da especialidade no Norte de Portugal. As participantes responderam à Adult Attachment Interview (AAI; George, Kaplan & Main, 1985). Durante a entrevista, foram recolhidos sinais biológicos relativos à actividade electrodérmica e à actividade cardíaca e foi efectuado o registo audiovisual da mesma, com recurso a um sistema multimédia inovador, designado BioDReAMS, que permite a sincronização dos dados psicofisiológicos e audiovisuais da AAI. As entrevistas foram cotadas com o método Attachment Q-Sort (Kobak, 1993), que permite a classificação das participantes nos 3 padrões de vinculação (seguro, desligado e preocupado) e nas duas estratégias de vinculação (segurança versus insegurança e desactivação versus hiperactivação), bem como a avaliação das mesmas em termos de mega-itens da vinculação (Kobak, 1998; Pinho, 2000). As participantes responderam também a medidas de auto-relato relativas à psicopatologia geral (SCL-90 R) e específica das perturbações alimentares (EDI), a marcadores desenvolvimentais para a psicopatologia (PAMaDeP) e a dados sócio-demográficos e clínicos. Os resultados indicaram um número expressivo de pacientes com histórias clínicas e desenvolvi mentais caracterizadas pela presença anterior de psicopatologia e de outras perturbações alimentares. A maioria das participantes relatou também ter experienciado acontecimentos de vida adversos durante o ano anterior ao início da perturbação actual. Relativamente à organização da vinculação, a maioria das participantes foi classificada como insegura e, em relação às estratégias de vinculação, verificou-se o predomínio de estratégias de hiperactivação nesta amostra, de um modo mais significativo nas pacientes com características purgativas. Em termos de psicopatologia e dos marcadores desenvolvimentais, salientam-se a presença de níveis inferiores de manifestação de sintomatologia das perturbações alimentares, medida através de auto-relato, em pacientes classificadas como desligadas, a existência de correlações significativas entre estratégias de hiperactivação e sintomas de psicopatologia alimentar e geral e a existência de correlações negativas entre mega-itens associados à segurança da vinculação e um conjunto de marcadores para a psicopatologia, bem como de correlações positivas entre mega-itens associados à insegurança da vinculação e diversos marcadores desenvolvimentais. Em relação à actividade fisiológica relacionada com a regulação autonómica, os resultados mostraram a relação entre duas das medidas utilizadas - condutância da pele e rácio LF/HF (um indicador do balanço simpático-vagal) - e a organização da vinculação, quer ao nível categoria I (padrões), quer ao nível dimensional (mega-itens e estratégias de vinculação). Os resultados obtidos são discutidos à luz da literatura sobre vinculação e desenvolvimento de perturbações alimentares e das abordagens que procuram conhecer o papel das variáveis psicofisiológicas na organização da vinculação.
Attachment Theory achieved an important place in the area of developmental psychology since the second half of the XXth Century, when John Bowlby (1969/82, 1973, 1980) introduced its main conceptual ideas. From then on, this theory has played a relevant role in the study of the normative processes in human development. The contributions of attachment theory, however, go beyond that domain by helping to understand the developmental processes relevant to psychopathology. One of the clinical groups in which attachment processes are of special relevance is eating disorders (cf., Soares, Dias, Machado & Klein, no prelo). There has been a growing interest in the scientific community on the role of biological systems - specifically, those related to the biological response to stress, such as the electrical skin response and cardiac activity - involved in attachment organization of adults (Dozier & Kobak, 1992; Roisman, Tsai & Chiang, 2004; Roisman, 2007). The present work - applying attachment theory and research to the study of c1inical issues - aims to examine the relations between attachment organization and autonomic activity in the context of eating disorders. A study was conducted with 47 female patients with eating disorders, receiving treatment at specialized clinical units in northern Portugal. The participants responded to the Adult Attachment Interview (AAJ; George, Kaplan & Main, 1985), while being monitored in terms of skin conductance and cardiac activity, using a new multimedia system, named BioDReAMS. The AAIs were transcribed and scored using Kobak's (1993) Attachment Q-Sort, that enables the participants' c1assification of attachment in the 3 main attachment patterns (secure, dismissing and preoccupied) and in two dimensional attachment strategies (security versus insecurity and deactivation versus hyperactivation), as well as in several mega-items of attachment (Kobak, 1998; Pinho, 2000). The participants also filled self-report measures of general psychopathology (SCL-90-R), eating disorders symptoms (EDI), developmental history (PAMaDeP), clinical description and social and demographical information. Results showed a significant number of patients that had previous eating disorders and other psychopathological problems, and the majority of them reported the presence of stressful life-events in the year before the onset of the present disorder. In terms of attachment classification, insecure patterns were over-represented in this group of patients and most of the participants used hyperactivating strategies of attachment, especially in the group of patients with purging characteristics. Regarding the relations between psychopathology and developmental history, dismissing patients showed lower scores in the self-report measures of eating disorders symptoms. Furthermore, significant positive correlations were found between hyperactivation of attachment and psychopathological symptoms, negative correlations between mega-items of attachment relevant to security and between mega-items related to insecurity and several negative developmental markers. Regarding the physiological activity related to autonomic regulation, results highlighted the relation between two of the measures used in the study - skin conductance and LF/HF ratio - and attachment organization, both at a categorical level (patterns) as well as at a dimensional level (attachment strategies and mega-items). The main results are discussed in light of the literature regarding the role of attachment in the development of eating disorders and the theoretical and empirical approaches involved in the study of the psychophysiological variables in attachment organization.
TipoTese de doutoramento
URIhttps://hdl.handle.net/1822/6640
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento

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