O assédio moral no ensino básico público português: um estudo exploratório

Abstract

O assédio moral é um problema que, apesar de não ser recente, tem tido maior enfoque da investigação nas últimas décadas. Este caracteriza-se por atos aparentemente comuns que, pela sua insistência, se tornam danosos para a vítima, pois têm como objetivo diminuir, atormentar e esgotar a mesma. Optou-se por investigar o impacto desta problemática no ensino, não só por questões pessoais, mas por ser uma área à qual não parece ser dedicada a devida atenção, especialmente no que respeita ao assédio moral e às suas consequências para os profissionais em questão. O presente estudo teve, então, como objetivo perceber de que modo o assédio moral em professores do ensino básico público português se sucede, quais os danos causados e as estratégias e mecanismos utilizados para lidar com o mesmo. Para a realização desta investigação optou-se por posicionamento metodológico interpretativo de natureza qualitativa. A entrevista semiestruturada foi o método de recolha de dados escolhido, com o objetivo de recolher o máximo de informação possível no seu estado mais puro, para de seguida ser realizada uma análise de conteúdo. Realizaram-se 9 entrevistas, 5 presenciais e 4 por escrito. Como resultado desta investigação, é percetível o caráter vil dos atos cometidos face às entrevistadas. Estes vão desde a perseguição a ameaças, passando pela exclusão, insultos, anulação de opiniões e pelo questionar das competências profissionais da pessoa em questão. Concluiu-se, então, que a extensão dos danos provocados nas vítimas é elevada, destruindo não só a autoestima como a personalidade e a integridade profissional das mesmas. Estas consequências apresentam-se não só sob a forma de problemas físicos como psicológicos, assim como afetam a vida familiar e pessoal das vítimas. Percebeu-se que não é fácil lidar com o problema, especialmente enfrentá-lo sozinhas. Não parecem existir mecanismos explícitos sobre como enfrentar o assédio moral no ensino, o que leva a que as vítimas tenham receio de denunciar, quer por receio de represálias, quer por não saberem como o fazer em termos processuais, legais e mesmo criminais.

The moral harassment is a problem that, even though it is not recent, has only been investigated in the past four decades. It is characterized by apparently common behaviors that, through its insistence, become hurtful to the victim since their purpose is to diminish, torment and exhaust. It was chosen to investigate the impact of this issue in the teaching population, no only by personal interest, but also because it is a field that doesn't seem to be getting the attention it deserves, especially when it comes to moral harassment and its consequences for teachers. This investigations purpose is to understand how moral harassment happens in teacher from the 1st to the 9th grade in the Portuguese public sector. As well as the damages done by it and how these professionals can and chose to deal with it. For this, it was chosen an interpretative methodological positioning of qualitative nature. The semi-structured interview was the method of data collection chosen in order to collect as much information as possible in is raw state, in order to do a content analysis. There were 9 interviews, 5 in person and 4 written. As a result, it is perceptible how vile the acts committed to the interviewed. They go from persecution to threats, exclusion, insults, annulment of opinions and questioning the competencies of these professionals. It is concluded that the extension of the damaged caused to these victims his high, damaging not only their self-esteem as well as their personality and professional integrity. These consequences present themselves not only and physical but also as psychological problems, the same way they affect the victims' home and personal life. It became apparent that it is not easy to deal with the problem, especially when facing it alone. It does not seem to exist specific mechanisms on how to deal with the problem on the educational system, which leads the victims to not report, either by being afraid of further punishments, or because they do not know how, whether in procedural, legal or even criminal terms.