A precariedade laboral e as novas formas de trabalho: impacto no indivíduo e nas organizações

Abstract

As inovações introduzidas nos processos produtivos trouxeram a necessidade de adaptação em vários níveis, sobretudo nas relações laborais. O presente estudo pretende perceber as perceções dos dois sujeitos das relações laborais, trabalhadores e empregadores, relativamente à precarização dos vínculos de trabalho, assim como à flexibilização das formas de trabalho. Inicialmente, a revisão de literatura, que evidenciou vantagens e desvantagens associadas a esta temática, permitiu a criação de guiões de entrevista a serem aplicadas a grupos de indivíduos com determinadas características. Foram entrevistados dois grupos de indivíduos portugueses, sendo o primeiro grupo constituído por indivíduos cuja situação laboral compreenda condições precárias, associadas à flexibilização laboral e o segundo grupo constituídos por indivíduos pertencentes às chefias de organizações cuja força de trabalho fosse parcial ou totalmente constituída por indivíduos cuja situação laboral representasse presença de precariedade. A análise dos dados recolhidos evidencia que decorrem tanto desvantagens como vantagens da presença de precariedade e/ou flexibilização laboral para ambos os grupos. Contudo, estas vantagens e desvantagens são subjetivas, uma vez que para diferentes indivíduos, as vantagens e desvantagens nem sempre são as mesmas. Assim sendo, existe uma necessidade de adaptação entre o posto de trabalho e o trabalhador, na medida em que cada indivíduo deverá perceber, em cada fase da sua vida, qual o tipo de trabalho mais adequado à sua situação, sem esquecer os prós e contras associados. Por outro lado, cabe aos empregadores facilitar aspetos como a integração do trabalhador na organização, de forma a que a contratação do trabalhador não acarrete perdas de produtividade ou rentabilidade para a organização.

The innovations introduced in the productive process have risen the necessity of adaption on multiple levels, specifically on labour relations. This paper aims to understand the perceptions of both spheres of labour relations, those of employers and those of employees, regarding the precariousness of employment relationships, as well as the flexibility of working methods. Initially, the literature review, which highlighted the pros and cons of this subject, allowed to create interview scripts which were applied to groups of individuals with certain characteristics. Two groups of Portuguese individuals were interviewed, being the first composed of individuals with precarious jobs conditions, associated with labour flexibility, and the second formed by individuals with leadership positions in organizations which workforce was partially or fully constituted by individuals with precarious job conditions. The data analysis showed there are both cons and pros related to the presence of precarity and/or labour flexibility for both groups. However, these advantages and disadvantages are subjective since, for different individuals, they may not overlap. On the one hand, the need for adaptation between the job position and the employee is needed, considering each individual will realize, at each stage in his/her life, which job suits him/her best, taking into account the correspondent pros and cons. On the other hand, employers must facilitate the employee’s integration in the organization, in a way that its hiring does not come with productivity or profitability losses for the organization.