Qualidade da relação conjugal após o nascimento de uma criança com NEE: mudanças e apoios que dêm respostas às dificuldades

Abstract

A finalidade deste estudo qualitativo foi conhecer e compreender a visão e perceção dos casais sobre as mudanças na qualidade da relação conjugal após serem pais de crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e de que forma é que a sua vida conjugal mudou, bem como que apoios formais sentem que existem para os apoiar no que à relação conjugal diz respeito, de forma a manterem-na em níveis de satisfação que permitam uma relação harmoniosa e duradoura. Nesta investigação participaram quatro casais com idades compreendidas entre os 29 e os 42 anos, casados e pais de crianças com NEE. Os resultados são primeiramente apresentados na forma de estudo de caso de cada casal, sendo após feita uma análise, interpretação das respostas e triangulação de dados, onde são comparadas as semelhanças e diferenças nos relatos dos casais e relacionadas com o conhecimento científico já existente sobre a temática em estudo. Analisando os resultados desta investigação, conclui-se que: a qualidade das relações conjugais após o nascimento de uma criança com NEE diminui significativamente, o que leva a uma diminuição da satisfação dos cônjuges sobre a mesma; que as mudanças na relação conjugal podem ser derivadas de diversos fatores como sentimentos negativos, alterações nas rotinas do casal privando-os de participar em atividades de lazer, gestão de conflitos, perda de papéis ocupacionais, alterações na situação financeira do casal, e que estas levam a uma maior fragilidade da relação conjugal; que os apoios informais existentes a estes casais nem sempre são suficientes e eficazes, uma vez que as suas redes de suporte diminuem com a chegada de um filho com NEE e o apoio formal público e acessível a todas as classes económicas para o casal, sobre a sua relação conjugal é inexistente, sendo de acesso por meio privado possível apenas aos casais com situações financeiras mais favoráveis. Apesar da Intervenção Precoce na Infância (IPI) ser uma área que visa a intervenção com as famílias, segundo estes casais, não é uma entidade que dá resposta às dificuldades conjugais dos mesmos, uma vez que estes ressalvam que não se sentem apoiados por nenhuma entidade pública no que a qualidade da relação conjugal após o nascimento de um filho com NEE diz respeito.

The purpose of this qualitative study was to know and understand the couples' vision and perception about changes in the quality of the marital relationship after being parents of children with Special Educational Needs (SEN) and how their married life has changed, as well as how formal supports feel that they exist to support them with regard to the marital relationship, in order to maintain it at levels of satisfaction that allow a harmonious and lasting relationship. Four couples aged 29 to 42 years, married and parents of children with SEN participated in this investigation. The results are first presented in the form of a case study for each couple, after which an analysis, interpretation of responses and data triangulation is done, where the similarities and differences in the couples' reports are compared and related to the existing scientific knowledge about the subject under study. Analyzing the results of this investigation, it is concluded that: the quality of marital relations after the birth of a child with SEN decreases significantly, which leads to a decrease in spouses' satisfaction with the child; that changes in the marital relationship can be derived from several factors such as negative feelings, changes in the couple's routines depriving them of participating in leisure activities, conflict management, loss of occupational roles, changes in the couple's financial situation, and that these lead to greater fragility of the marital relationship; that the existing informal support for these couples is not always sufficient and effective, since their support networks diminish with the arrival of a child with SEN and the formal public and accessible support for all economic classes for the couple, on the their marital relationship is non-existent, with private access only possible to couples with more favorable financial situations. Although Early Childhood Intervention (IPI) is an area that aims to intervene with families, according to these couples, it is not an entity that responds to their conjugal difficulties, since they emphasize that they do not feel supported by any entity regarding the quality of the marital relationship after the birth of a child with SEN.