A secção e o travelling: Lisboa de perfil em três planos

Abstract

A arquitectura e o cinema ordenam e montam a cidade através da construção e do movimento. Neste artigo sugere-se que a secção urbana e o ‘travelling’ cinematográfico fomentam ligações produtoras de sentido que extravasam cada uma das suas áreas de acção e conhecimento apesar de se envolverem inelidivelmente. São instrumentos de projecto e análise arquitectónica e fílmica que aproximam em simultâneo a verdade e a ilusão embora permitam um acesso parco à totalidade do espaço e da imagem, já que servem as narrativas com parcialidade. Ambos elementos constitutivos dos dois campos disciplinares, a secção e o ‘travelling’ acabam por corresponder a (ou são determinados por) uma ideia de cesura que, para além de expor o espaço, aprofunda a complexidade das estruturas e dos objectos. Uma parte da paisagem de Lisboa surge então como matéria de estudo, em específico, a partir de três planos-movimentos contidos em três longas-metragens de ficção do final do século XX e do início do XXI: “A Força do Atrito” (Pedro M. Ruivo, 1992); “Ossos” (Pedro Costa, 1997); e “Lavado em Lágrimas” (Rosa Coutinho Cabral, 2006).