O desafio de se pensar a educação nas sociedades pós-Auschwitz, à luz dos fundamentos teóricos de Theodor W. Adorno e Hannah Arendt

Abstract

Escrever sobre a Educação à luz do pensamento político de Theodor W. Adorno, Hannah Arendt, Zygmunt Bauman e Max Horkheimer foi o desafio a que nos propomos. Assim, de forma a estruturar o texto, recorremos a uma ideia destacada da obra Educação e Emancipação, da autoria de Theodor Adorno, central para a estruturação de metas educacionais voltadas para o pensamento crítico, autônomo e emancipatório, no âmbito de uma sociedade democrática. Na abordagem do Holocausto, de modo a compreender o fenômeno e os seus impactos como uma tendência da modernidade, inclusive, como pressuposto da crise educacional diagnosticada por Hannah Arendt, buscamos os ensinamentos político-filosóficos da obra Dialética do Esclarecimento, de autoria do filósofo e de Max Horkheimer, complementados pela análise sociológica de Zygmunt Bauman. Após o estudo do Holocausto e de forma a problematizar um modelo de Educação que se oponha a fenômenos regressivos como ele, vimos como o mais adequado o da Educação crítica e humanamente emancipatória postulada por Theodor Adorno, com base na sua obra Educação e Emancipação. Isso posto, procuramos abordá-lo sob a perspectiva do pensamento político de Hannah Arendt, enfatizandoo nos aspectos educacionais na primeira infância, já que ambos se preocuparam com esta questão. Examinamos ainda, na pensadora, os seus conceitos de natalidade, amor ao mundo, autoridade e tradição, no sentido de atualizar o debate em torno destes conceitos, tentando demonstrar que eles ainda são fundamentais para o estabelecimento de metas para uma educação de qualidade, democrática, crítica e emancipatória, conforme idealizado por Adorno. Na última parte do trabalho apresentamos as considerações pessoais a respeito do tema, ressaltando um paradigma brasileiro de educação, denominado Escola sem Partido, onde tentamos sustentar que ele é o reverso da Educação de conteúdo crítico e emancipatório, advogado por Theodor Adorno e Hannah Arendt.

Writing about Education, while re-considering the political thinking of Theodor W. Adorno, Hannah Arendt, Zygmunt Bauman and Max Horkheimer was the challenge I proposed myself in this dissertation. Therefore, in order to structure my text, I turned back to Adorno, which, in my opinion, is absolutely crucial and still imposes itself like something unavoidable to everyone who attempts to discuss the importance of critical, independent, emancipatory and reflection-oriented thought for the analysis and evaluation of educational goals. In order to make a brief study about the Holocaust, as well as to understand that phenomenon and its impact as a underlying tendency of Modernity and of the educational crisis diagnosed by Hannah Arendt, I will analyze Adorno’s and Horkheimer’s politicophilosophical assumptions in Dialectic of Enlightenmen, complemented by Zygmunt Bauman’s sociological analysis. Thus, after a brief study about the Holocaust and aiming to connect it to an Education model that addresses the threats of regressive models contained in every authoritarian political system, I will sustain that the most appropriate model of Education is the one hold by Adorno with its strong emancipative outline. In order to enrich the debate on the Education model postulated by Adorno, I will focus on it under Hannah Arendt’s political thought, aiming to emphasize the aspects of the early childhood education. In the chapter regarding Arendt, I examine her well-known concepts of natality, love of the world, authority and tradition. I will sustain that these concepts are still important in the contemporary debate about education, specially about forms of democratic, critical and emancipatory education such as idealized by Adorno. The last part of this work is reserved to my personal wonderings about the subject matter, but now problematizing a Brazilian paradigm of education that is called “Escola sem Partido”, where I try to hold that it is the reverse of education with critical and emancipatory content, as defended by Theodor Adorno and Hannah Arendt.