Despertar Para Aprender: programa de promoção de school engagement em crianças de etnia cigana do 1.º ciclo do ensino básico

Abstract

Nos últimos 20 anos, a educação tem merecido a atenção dos legisladores europeus enquanto ferramenta para promover o ajustamento da comunidade Roma à sociedade. A par de alguns progressos, a população Roma permanece como um dos grupos mais desfavorecidos, experimentando desigualdades em diferentes domínios, nomeadamente, na educação. Por exemplo, em Portugal, os esforços sociais e educacionais têm-se repercutido no aumento da taxa de matrícula escolar de crianças Roma. Porém, a sua distribuição ao longo dos níveis de ensino permanece praticamente inalterada, e as taxas de analfabetismo e insucesso escolar mostram-se persistentemente mais elevadas para os alunos Roma do que para os seus pares. As trajetórias educacionais dos alunos Roma levam a que se questione a eficácia das políticas e práticas para a inclusão. A presente dissertação apresenta três estudos com o principal propósito de desvendar potenciais lacunas nos esforços educativos que dificultam o envolvimento de famílias Roma na educação. Ainda, pretende-se aprender sobre e com elementos da comunidade estratégias para melhorar o clima escolar e promover o school engagement (SE) de alunos Roma. Neste sentido, os dois primeiros capítulos versam sobre a participação da comunidade Roma na educação e impacto nas orientações aculturativas, focando perspetivas de diferentes elementos da comunidade. Enquanto o primeiro estudo aborda as perspetivas de mulheres acerca da influência da participação escolar nas perspetivas sobre a educação e nos comportamentos, atitudes e identidades culturais da comunidade; o segundo estudo volta-se para as perspetivas de uma amostra nacional de alunos Roma para determinar como é que os comportamentos e atitudes das famílias em relação à educação, a par de fatores relacionados com a escola, se repercutem no SE reportado. As evidências formais e informais obtidas, suportam o design do terceiro estudo que apresenta uma intervenção baseada numa história-ferramenta que oferece, por um lado, um 'zoom in' nos padrões de envolvimento parental na vida escolar dos filhos; e, por outro lado, pontos de referência preliminares para suportar a adoção de novas abordagens para alcançar as famílias Roma. À luz dos modelos teóricos de aculturação, os resultados mostram-se congruentes com a literatura existente na área das minorias étnicas, revelando pistas sobre obstáculos e potenciais fatores de sucesso que podem promover abordagens escolares mais inclusivas e que facilitem o SE de alunos Roma.

Over the past 20 years, education has been gathering the attention of European policymakers, as a tool to promote Roma's long-term adjustment to society. Alongside some progress, Roma people still lag far behind the rest of the population, experiencing inequalities across different domains, namely, in education. For example, in Portugal, the social and educational investments have been reflected in the increment in enrolment rates of children with Roma background. However, the patterns of students across school levels remain unchanged, and illiteracy and academic failure remains higher for Roma students when compared with their non-Roma counterparts. The poor educational trajectories of Roma students challenge the efficacy of the policies and practices for inclusion. The present dissertation comprises three research works with the ultimate purpose to shed light on potential gaps of the current educational efforts implemented hampering families' engagement in education. Moreover, we aim to learn about and with Roma intervenients' strategies to improve the school climate and to foster children's school engagement. Aligned with these overarching goals, the first two chapters are dedicated to picture the current scenario regarding the participation of Roma in education and its acculturative outcomes, focusing on different sources of information and methodologies. While the first study gathers the voices of different generations of Roma women to depict how school participation has been shaping the perspectives on education and the perceived impact on cultural behaviors, attitudes, and identities; the second study flips the coin and investigates a national sample of children and youth attending school to determine how families’ behaviors and attitudes towards education together with school-related factors are recognized and reflected in children and youth self-reported school engagement. Supported on formal and informal evidence gained, the third chapter offers a ‘zoom in’ on the patterns of parental school involvement on children’s school life while learning from the participants engagement experiences in a purposefully designed story-tool based intervention how schools can rethink their strategies to outreach Roma families. Grounded in acculturation theoretical models, results are aligned with international emergent pictures in the literature, offering clues on the current obstacles and potential success factors that can provide a basis for betterments in school inclusive approaches to ensure children's school engagement.