Avaliação institucional no contexto universitário: Fator de desenvolvimento organizacional?

Abstract

Avaliação é um termo abrangente, conflituoso e contraditório. A depender da visão de mundo, pode expressar medição, regulação, controle e auditoria, como também pode pressupor participação, negociação, campo de valores e expectativas de vida e de futuro. Esta pesquisa trata da avaliação da gestão dos programas de pósgraduação de uma Instituição de Ensino Superior (IFES). Tem como objetivo geral averiguar, por área de conhecimento, a repercussão dos resultados da avaliação realizada pela Capes na gestão dos programas de pós-graduação stricto sensu, à luz dos modelos de análise organizacional, tendo em vista a melhoria desses programas. Apresenta como fundamentação teórica os modelos de análise organizacional burocrático, político e anarquia organizada, articulados com outros aspectos da avaliação, tais como regulação, controle e avaliação educativa. Caracteriza-se como uma pesquisa do tipo descritiva, com tendência exploratória e abordagem qualitativa. Com relação aos procedimentos técnicos de coleta de dados, define-se como pesquisa bibliográfica, documental e estudo de caso. Foram selecionados como sujeitos participantes da pesquisa 52 coordenadores de cursos de pós-graduação stricto-sensu da IFES Alfa, sendo que, destes, 33 participaram efetivamente da pesquisa O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário, delineado em três partes. A primeira parte refere-se ao sistema de avaliação da Capes. Foram elaboradas seis questões/afirmativas fechadas, com 41 proposições distribuídas nas seis categorias de análise. Como categoria de análise, foram utilizados cinco quesitos de avaliação dos programas de pós-graduação da Capes: Corpo discente, tese e dissertações; Corpo docente; Produção intelectual; Inserção social e Inserção internacional, todos eles confrontados com a percepção dos coordenadores dos programas de pós-graduação sujeitos da pesquisa. A segunda parte refere-se ao modelo organizacional, isto é, à gestão administrativa. Nesse tópico, foram elaboradas cinco questões/afirmativas fechadas, com 22 proposições. Foi elaborada, ainda, uma questão aberta no intuito de observar as diferentes perspectivas do modelo organizacional adotado pela IFES Alfa. A terceira parte abrange o perfil dos respondentes e área de conhecimento. Os resutados da análise dos dados demonstraram que, na percepção dos coordenadores, a avaliação da Capes é bem aceita pela comunidade acadêmica investigada, apesar de divergências e críticas concernentes ao ranqueamento dos programas, à indução à competição negativa, à padronização do modelo, sem levar em conta as diferenças epistemológicas das áreas de conhecimento e a sobrecarga de trabalho dos professores. Os altos índices de concordância sinalizados pelos inquiridos em relação às ações oriundas dos critérios estabelecidos pela Capes não foram suficientes para a obtenção de melhorias na avaliação dos programas, chegando-se a concluir que a elevada concordância, por si só, não assegura melhoria efetiva dos programas de pós-graduação, e, portanto, não se pode afirmar que a melhoria dos programas seja uma causa direta da avaliação da Capes. Com relação aos processos organizacionais, estes são orientados pelo arcabouço legal das normas e regulamentos, o que sugere uma gestão administrativa voltada para os aspectos de natureza burocrática. As articulações e interesses políticos interferem no processo de tomada de decisão, sugerindo uma gestão atrelada ao modelo político. Apesar do arcabouço regimental, algumas coordenações criam suas próprias regras, sem se preocuparem com que essas regras estejam ou não alinhadas aos objetivos da Administração Superior, o que sugere a existência de problemas de coordenação, podendo ser causados pela não integração de todos os atores envolvidos no processo. Por sua vez, os objetivos não compartilhados e a administração sendo realizada por profissionais especializados com alto poder de autonomia sobre suas atividades são fatores que sugerem uma gestão debilmente articulada, com objetivos imprecisos e processos organizacionais ambíguos.

The meaning of the term “assessment” is broad, conflicting and contradictory. Depending on which world perspective one considers, it can express measurement, regulation, control and audit. Furthermore, it can also presume participation, negotiation, value field and life or future expectations. This research covers the assessment applied to the management of post-graduation programs of a High Education Institution (IES). Its general objective is to ascertain the effects of the results of Capes institutional assessment on the management of strictu sensu post-graduation programs per field of study. This assessment had as main goal the improvement of these programs in the light of organizational analysis models. Bureaucratic and political organizational analysis models, as well as organized anarchy combined with other aspects of the assessment such as regulation, control and educational evaluation are presented as theoretical foundation for this paper. This research is characterized as descriptive with exploratory tendencies and qualitative approach. In relation to data collection procedures, it is described as bibliographic and document research, and as a case study. Coordinators of 52 strictu sensu post-graduate programs on IES Alfa were selected as participants. However, 33 coordinators participated effectively of the study. A questionnaire was the tool used for data collection, it was developed to rate in three stages. The first refers to Capes institutional assessment. Six questions/affirmative statements were designed, with 41 propositions that were distributed in the six analytical categories. Five aspects of Capes institutional assessment were used as analytical categories: Student body, theses and dissertations; Faculty; Intellectual production; Social insertion and International insertion. All previous were confronted with the perception of the participant coordinators of post-graduation programs. The second part refers to the organizational model, in other words, to the administrative management. Five questions/affirmative statements were elaborated for this topic, with 22 propositions. Moreover, an open question was developed with the intention to observe the different perspectives of the organizational model adopted by IES Alfa. The third part covers the description of the participants and their fields of knowledge. The results of data analysis demonstrate that from the perception of the coordinators, Capes institutional assessment is approved by the investigated academic community. Divergence in opinion and critiques on program ranking, on promotion of negative competition, on standardization of model without taking into consideration both epistemological differences among fields of study and professors work overload also appeared. Even though the high level of agreement signalized by the respondents about the actions undertaken after the criteria established by Capes, these were not enough to obtain improvement on the assessment of programs. From that, it is concluded that this high agreement does not assure the effective progress on postgraduation programs. So, it could not be confirmed that the development of programs is a direct consequence from Capes institutional assessment. Regarding the organizational processes, these are oriented by the legal framework on norms and regulation, which suggests an administrative management aimed to bureaucratic nature aspects. Articulation and political interests interfere in the decision-making process, implying on a management linked to a political model. Besides the procedural framework, some coordination offices make their own rules, without the concern that these rules are aligned or not with the objectives of the High Administration. This indicates the existence of problems in coordination, which may have been promoted due to the lack of integration of all personnel involved in the process. On the other hand, factors such as unshared objectives and holding an administrative section constituted by specialized members with high autonomy on their activities suggest a feebly developed management, with inaccurate objectives and ambiguous organizational processes.