A (sub)representação dos países nas notícias: o caso da revista Visão

Abstract

O fluxo de notícias nos média é cada vez maior e isto é possível graças a a vários motivos, como a globalização e a internet – que permitiram encurtar distâncias e unir pessoas em poucos segundos. Todos os dias, televisões, rádios, jornais e redes sociais fazem chegar ao consumidor final novas representações de acontecimentos que marcaram a agenda, desde política, cultura, sociedade, educação, e dezenas de outros temas. Com estes desenvolvimentos tecnológicos, as notícias internacionais deixaram de encontrar nas suas fronteiras um obstáculo ao acesso por parte do público: conseguimos aceder facilmente a diferentes meios estrangeiros através da internet; os jornalistas locais conseguem entrevistar fontes em qualquer parte do mundo com a ajuda da tecnologia; e as agências de notícias, apesar de fulcrais nesta democratização, deixaram de ser as únicas formas de os trabalhos estrangeiros entrarem num determinado país. Ainda assim, percebemos que nem todos os países possuem perfis mediáticos e que certos territórios gozam de um estatuto privilegiado nas notícias nacionais. Porque é que isto acontece? Esta dúvida, que se coloca às estruturas do jornalismo, surgiu com a experiência pessoal de estágio na revista Visão, que aqui também é refletida como ponto de partida para uma melhor compreensão sobre a forma como se faz jornalismo em Portugal. Nesta linha de pensamento, este trabalho pretendeu ainda debater várias questões que marcam a vida de um jornalista: a importância das fontes, os constrangimentos económicos ou a prioridade das escolhas editoriais. Com base numa revisão de literatura, foi possível traçar uma linha com algumas justificações para o favorecimento de certos países e figuras mediáticas estrangeiras. Foram, por isso, analisados cerca de 70 textos noticiosos da revista impressa, compreendidos entre dez meses de trabalho: de março a dezembro de 2020. As conclusões mostram justamente uma hegemonia norte-americana sobre os restantes continentes e subcontinentes. Apesar de a política ter marcado a agenda mediática do ano (muito por causa das eleições americanas de 3 de novembro), há uma outra circunstância que não podemos esquecer: a pandemia de covid-19 também influenciou o trabalho jornalístico.

The news flow in the media is increasing and this is possible thanks to several reasons, such as the globalization and the internet – which have made it possible to shorten distances and unite people in a few seconds. Every day, televisions, radios, newspapers, and social networks bring to the final consumer new representations of events that mark the agenda, from politics, culture, society, education, and dozens of other topics. With these technological developments, borders are no longer an obstacle for the public to access international news: we can easily access different foreign media through the internet; local journalists are able to interview sources anywhere in the world with the help of technology; and news agencies, despite being central to this democratization, are no longer the only way for foreign works to enter a certain country. Even so, we realize that not all countries have media profiles and that certain territories enjoy a privileged status in national news. Why is this happening? This doubt, that also exists in the structures of journalism, arose from the personal experience of an internship at Visão magazine, which is also reflected here as a starting point for a better understanding of the way journalism is done in Portugal. In this line of thought, this work also intended to debate several issues that mark the life of a journalist: the importance of sources, economic constraints, or the priority of editorial choices. Based on a literature review, it was possible to draw a line with some justifications for favoring certain countries and foreign media figures. For this reason, approximately 70 news articles from the printed magazine were analyzed, covering ten months of work: from March to December 2020. The conclusions precisely show a North American hegemony over the remaining continents and subcontinents. Even though politics marked the media agenda of the year (largely because of the American elections of November 3rd), there is another circumstance that we must not forget: the covid 19 pandemic also influenced journalistic work.