Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/80344

TítuloCidades instantâneas: software e hardware para eventos efémeros
Autor(es)Fernandes, Eduardo
Palavras-chaveFun palace
Instant city
Primavera sound
Data2022
EditoraUniversidade de Lisboa. Instituto Superior Técnico (IST)
CitaçãoFernandes, Eduardo, "Cidades instantâneas: software e hardware para eventos efémeros", em Alegre, Alexandra, Arnaut, Daniela, Castel'Branco, Rita, Bastos, Francisco Teixeira, Costa, António Ricardo da, Gonçalves, Jorge, Lourenço, Patrícia (eds.), Identidades e dinâmicas de reconfiguração urbana na Era Digital, 9ª Conferência da Rede Lusófona de Morfologia Urbana, Book of Proceedings, 16 de Julho de 2021, PNUM, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Lisboa, IST Press, 2022
Resumo(s)No seu projeto para o Fun Palace (1961-67), Cedric Price propõe uma infraestrutura de grande escala que permitiria a realização de um grande número de diferentes atividades públicas nos campos da cultura e do entretenimento. Nesta proposta as condicionantes materiais do edifício (equivalentes ao conceito de Hardware no campo da informática) são bastante menos desenvolvidas do que o trabalho sobre o programa, isto é, sobre as diferentes possibilidades da sua utilização (que, do mesmo modo, podemos considerar o Software da proposta), que foram trabalhadas em conjunto com Joan Litlewood e uma equipa de 22 especialistas de diferentes áreas (Herdt, 2008). Esta ideia foi desenvolvida de forma ainda mais radical pelo grupo Archigram que, nos seus subsequentes desenhos para o projeto Instant City (1968-70), cria uma “cidade” (ou, mais concretamente, um catalisador de urbanidade) que não tem elementos estruturais fixos. O espirito da proposta de Price pode reconhecer-se ainda no conceito arquitetónico do Centro Georges Pompidou (Renzo Piano e Richard Rogers, 1971-77), embora neste caso o desenho do Hardware seja uma componente muito importante do projeto. O equacionamento da possibilidade de existência de uma arquitetura efémera e polivalente relacionada com a duração limitada de um determinado evento não é um exclusivo do século XX: dos acampamentos do exército romano às construções de apoio a feiras e torneios da idade média e aos pavilhões de várias exposições internacionais que se sucedem ao longo do século XIX, encontramos na história da arquitetura ocidental um grande número de estruturas mais ou menos ambiciosas que transformaram um sítio durante um espaço de tempo relativamente limitado, fornecendo o necessário Hardware (mais ou menos diáfano) para que pudesse ter lugar um determinado Software de interação urbana: política, social, militar, cultural e/ou económica. Durante os séculos XIX e XX este tipo de eventos ganha uma maior projeção, levando a uma maior aposta na materialização do seu suporte físico. Por razões relacionadas com a racionalidade económica e com novas estratégias de gestão urbana, este tipo de intervenções vai deixar de ser encarado como um investimento cujo retorno é limitado ao impacto efémero da ocorrência que o justifica e torna-se uma aposta na criação de identidade de um local, que se vai requalificar com um conjunto de equipamentos e espaços públicos pensados para durar muito para além da duração do certame. No caso português destaca-se o planeamento da Expo 98, em Lisboa, onde se procurou aprender com o bom exemplo de Barcelona (Jogos Olímpicos de 1992), por oposição à experiência da Exposição Universal de Sevilha, realizada no mesmo ano, que representava um caminho que não se deveria repetir (Portas, 1993); neste vetor negativo poderia ainda ser evocada a experiência da Exposição do Mundo Português de 1940 (Pereira, 2015). O sucesso da Expo 98 parece ser inquestionável, transformando um Não Lugar (Augé, 1992) num Lugar, de forma quase instantânea. No entanto, no século XXI há uma outra realidade que materializa de forma muito mais direta o conceito de Instant City: os recintos dos chamados “festivais de verão”, que transformam profundamente um espaço durante um curto espaço de tempo, reunindo milhares de pessoas numa cidade da música onde não faltam áreas especializadas em comércio, alimentação e diversos programas de lazer, bem como os diferentes recintos necessários à ocorrência de concertos alternados ou simultâneos. A transformação ocorrida no Parque da Cidade do Porto, durante os três dias de duração do NOS Primavera Sound, por exemplo, é tão profunda que torna difícil o reconhecimento do espaço pré-existente, mesmo para os habituais frequentadores; mas, desmontada esta cidade instantânea, tudo volta a ser como dantes e surge a sensação inversa: para o frequentador do festival, é difícil reconhecer no parque os locais onde ocorreu o evento. Em função de tudo isto, as principais questões que pretendemos desenvolver neste paper são as seguintes: esta capacidade de transformação efémera do território, própria da Instant City, é uma qualidade deste tipo de eventos, que se poderia repetir em espaços e eventos mais tradicionais? Ou, pelo contrário, representa um desperdício de recursos, pelo facto de não existir uma estrutura de base (Fun Palace) que possa ser usada noutros eventos e noutros momentos? Entre a Instant City e o Fun Palace haverá ainda lugar para um meio-termo?
TipoArtigo em ata de conferência
URIhttps://hdl.handle.net/1822/80344
ISBNISBN 978-989-99522-1-8
Arbitragem científicayes
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:EAAD - Comunicações

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