Portugal e Espanha: verdadeiros irmãos ou... meros vizinhos?: analisando os contornos de uma aliança estratégica ibérica (im)possível

Abstract

Ao longo da história muitos foram os pontos de convergência e divergência entre Portugal e Espanha. Essa maior ou menor atratividade deve-se, entre muitos fatores, a séculos de conflito armado, baseados na desconfiança mútua, passando por receios de ameaças à independência portuguesa, no sentido de uma integração ou União Ibérica. Ao analisarmos o percurso evolutivo recente dos dois países ibéricos, vemos que este foi mais ou menos coincidente, tendo em conta que transitaram de regimes autoritários para regimes democráticos, na década de 70, estiveram presentes no processo de negociações que culminou na sua integração na então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, integraram a União Económica e Monetária (UEM), em 1990, e passaram pela crise económica iniciada em 2008. Com o intuito de colocar em evidência as convergências e divergências entre Portugal e Espanha, procederemos a uma análise das relações ibéricas cujo grande impulsionador foi a integração na União Europeia (UE) que definiu um ponto de viragem mútuo e consensual marcando assim um bom entendimento luso-espanhol, que tem tido tradução numa consequente e gradual integração no mercado mundial, e também numa cada vez maior convergência de interesses luso-espanhóis e de assuntos bilaterais, traduzida cada vez mais numa aposta progressiva de integração/cooperação ibérica. Completamos esta análise através da tentativa de situar o sentido atual do Iberismo, olhando para a história contemporânea de Portugal e de Espanha, bem como para a intelectualidade portuguesa vs. espanhola, para assim vermos até que ponto existiram tentativas de aproximação ibérica e como estas eram consideradas pelas figuras políticas e intelectuais da época.

Throughout history, Portugal and Spain experienced many convergent and divergent phases. Among many factors, the greater or lesser attractiveness between both countries is due to centuries of armed conflicts based on mutual suspicion, and fear of threats to the Portuguese independence in order to achieve integration or an Iberian Union. When checking the most recent evolutionary path of both Iberian countries, we can see that their paths have been more or less similar when considering their democratic transitions in the 70s, their joint European integration process to the European Economic Community (EEC) in 1986, when joining the Economic and Monetary Union (EMU) in 1986, and by being victims of the financial crisis of 2008. With the purpose of showing the convergences and divergences between Portugal and Spain, we will analyse the Iberian relations by having in mind the positive consequences that the European integration has had on them, and the way it defined a mutual and consensual turning point in the good relations experienced between the two countries. Thus, it has resulted more and more in a gradual integration into the global market, and in a greater convergence of Spanish and Portuguese interests and bilateral matters, that is causing a continuous bet on a progressive Iberian integration and cooperation. We will complete this analysis by attempting to explain the current meaning of the term Iberism through the contemporary history of Portugal and Spain, as well as through the Portuguese intellectuals versus the Spanish intellectuals, in order to see to what extent attempts of an Iberian approach were made and how they were perceived by the political and intellectual figures of this period.