Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/87954

Título"Pavorosa Ilusão da Eternidade": o Libertinismo em Portugal no Século XVIII
Outro(s) título(s)“Effroyable Illusion de l’Éternité”: le libertinage au Portugal au XVIIIe siècle
Autor(es)Machado, Maria Constantino Meireles de Sousa
Orientador(es)Martins, Pedro Miguel Páscoa Santos
Palavras-chaveJosé Anastácio da Cunha
Libertinismo erudito
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Processos da Inquisição
Versos obscenos
Libertinage érudit
Procédures de l'Inquisition
Vers obscènes
Data4-Jan-2024
Resumo(s)A tese apresenta um estudo acerca do libertinismo setecentista em Portugal. O conceito de libertinismo inclui um espetro lato de sentidos, que abarca um livre-pensamento que se espraia desde textos filosóficos até à pornografia. O livre-pensamento libertino, abjugava o Homem da sujeição da Religião, do pecado, do medo ou da promessa da Eternidade, minou os pilares da Monarquia Absoluta de Direito Divino e entregou ao Homem o seu destino, dando-lhe instrumentos para regular o seu estar no meio coletivo, na sociedade, e por isso é, também, político. Mas a noção de libertinismo, pensamento livre, heterodoxo e, por vezes, oposicionista, deve ser considerada no contexto do regime político do Absolutismo Monárquico e da imprescindível ortodoxia religiosa. Nem sempre os libertinos foram críticos do Absolutismo Monárquico, mas foram, outrossim, deniaisés que perceberam o modus faciendi absolutista da manipulação política das religiões. Temos, por linhas motoras, o pensamento libertino francês de origem lucrécio-epicurista oriundo do primeiro quartel do século XVII para onde evoluiu, revigorado pelo humanismo renascentista. Contextualizamos, historicamente, o conceito de libertino, libertinismo e libertinagem. Procedemos à distinção, às similitudes, interceções, raiz e percurso comum entre libertinismo erudito e libertinismo hedonista. Focados na realidade portuguesa setecentista, concentrámo-nos nos dois indubitáveis libertinos portugueses, francamente influenciados por este pensamento filosófico, José Anastácio da Cunha e Manuel Maria Barbosa du Bocage. Debruçamo-nos sobre o falso renomado libertino Francisco Xavier de Oliveira, Cavaleiro de Oliveira, a fim de explicar, porque, com base no conceito de libertinismo que exploramos, não o podemos qualificar como libertino. Expusemos versos avulsos, que investigámos nos arquivos portugueses, cuja matriz se nos afigura libertina. Examinamos, também, o teor de vários processos da Inquisição e da Real Mesa Censória que investigavam e processavam libertinos. Concluímos que, apesar de forma bem mais ténue do que em França, houve, entre nós, algum lampejo de libertinismo.
Cette thèse est une étude sur le libertinage, au XVIIIe siècle, au Portugal. Le concept de libertinage admet un large éventail de significations englobant une libre pensée qui s’étend des textes philosophiques à la pornographie. La libre pensée libertine qui a libéré l’homme de la sujétion à la religion, au péché, à la peur et à la promesse de l’éternité, a miné les piliers de la Monarchie de Droit Divin et a rendu l’Homme à son destin, lui donnant des instruments pour s’épanouir dans l’environnement collectif et dans la société, et est donc, aussi, politique. Mais la notion de libertinage, libre-pensée hétérodoxe, est parfois paradoxale et doit être considérée dans le contexte du régime politique de l’Absolutisme Monarchique et de l’indispensable orthodoxie religieuse. Les libertins n’étaient pas toujours critiques de l’Absolutisme Monarchique, mais ils étaient surtout des déniaisés qui percevaient le modus faciendi absolutiste de la manipulation politique des religions. Nous avons comme lignes directrices la pensée libertine française d’origine lucrétienneépicurienne provenant du premier quart du XVIIe siècle qui a été influencée par l’humanisme de la Renaissance. On a contextualisé, historiquement, le concept de libertin, de libertinage érudit et de libertinage hédoniste. On a aussi établi les différences, les similitudes et les points communs à l’origine et au parcours de ces deux faces du libertinisme. Axés sur la réalité portugaise du XVIIIe siècle, nous nous sommes concentrés sur les deux incontestables libertins portugais, assurément influencés par cette pensée philosophique, José Anastácio da Cunha et Manuel Maria Barbosa du Bocage. Nous avons, aussi, étudié le faux libertin Francisco Xavier de Oliveira, Cavaleiro de Oliveira, afin d’expliquer pourquoi, en fonction de notre concept de libertinage, on ne peut le qualifier de libertin. On a, également, exposé des vers isolés, étudiées dans les archives portugaises, dont la matrice nous semble libertine. Nous avons, finalement, examiné le contenu de divers processus de l’Inquisition et de la Real Mesa Censória qui enquêtaient et poursuivaient les libertins. Notre conclusion est que, quoique de façon bien plus modeste qu’en France, il y a eu, parmi nous, quelques vestiges de libertinage.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Filosofia
URIhttps://hdl.handle.net/1822/87954
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
ELACH - Teses de doutoramento

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