Micro-processos no desenvolvimento da aliança terapêutica : estudo de caso de terapia construtivista centrada em dilemas

Abstract

A aliança terapêutica tem sido frequentemente apontada como alvo desejável de uma avaliação micro (Fitzpatrick, Stakilas & Iwakabe, 2001; Horvath, 2006; Safran & Muran, 2006). Partindo da necessidade de conhecer o seu modus operandi no âmbito da mudança em psicoterapia e aliando isto à análise detalhada, momento-a-momento da interação diádica, poderá ser possível compreender e conhecer as microdinâmicas da colaboração terapêutica na qual é atual e comummente aceite que a aliança se baseia (Castonguay, Holtforth & Constantino, 2006). Na análise de um estudo de caso, este trabalho pautou-se pelos seguintes objetivos: a caracterização da colaboração entre cliente e terapeuta ao longo do processo terapêutico; a análise da relação entre a qualidade da aliança e o equilíbrio na colaboração; e, por fim, a compreensão de como a interação entre cliente e terapeuta contribui para a formação de uma aliança terapêutica de qualidade. Na concretização destes objetivos foi feita uma análise intensiva de dez sessões terapêuticas de um caso clínico de sucesso com terapia construtivista centrada em dilemas através do TCCS (Therapeutic Collaboration Coding System) (E. Ribeiro, Ribeiro, Gonçalves, Horvath & Stiles, 2010). Com este instrumento, foi possível analisar momento-a-momento a colaboração diádica e de como esta se desenvolve no sentido terapêutico. Foi aplicado o IAT (Inventário de Aliança Terapêutica) (versão portuguesa adaptada por Machado & Horvath, 1999) na sexta e na décima segunda sessões, no sentido de averiguar a qualidade da aliança numa fase intermédia e final do processo. Tendo em conta a hipótese prévia de que uma aliança de qualidade assentaria num equilíbrio tácito entre a promoção de segurança e de novidade no contexto terapêutico, os resultados obtidos no caso clínico analisado remetem para a importância maioritária do suporte por parte do terapeuta e da experiência de segurança, por parte do cliente, como possível potenciadora, neste caso específico, de sucesso terapêutico e de aliança terapêutica elevada nas fases intermédia e final.

Therapeutic alliance has often been cited as a desirable aim for micro evaluation (Fitzpatrick, Stakilas, & Iwakabe, 2001; Horvath, 2006; Safran & Muran, 2006). Starting from the need to know the modus operandi in the context of change in psychotherapy and combining this with the detailed, moment-to-moment dyadic interaction, it may be possible to understand and know the microdynamics of therapeutic collaboration, in which is commonly and currently accepted that alliance is based (Castonguay, Constantino & Holtforth, 2006). Analyzing a case study, this work was guided by the following objectives: to characterize the collaboration between client and therapist during the therapeutic process; to analyze the relationship between quality of alliance and balance in collaboration; and, ultimately, to understand how the interaction between client and therapist prompt the formation of a quality therapeutic alliance. In achieving these objectives has been made an intensive analysis of ten treatment sessions from a successful clinical case with constructivist therapy focused on dilemmas using the TCCS (Therapeutic Collaboration Coding System) (E. Ribeiro, A. Ribeiro, & Gonçalves, 2009). With this instrument, it was possible to analyze moment-to-moment the dyadic collaboration and how it develops in the therapeutic sense. We applied the WAI (Working Alliance Inventory) (portuguese version, Machado & Horvath, 1999) at sixth and twelfth sessions in order to ascertain the quality of the alliance at intermediate and final stages of the process. Considering the previous hypothesis that a quality alliance would be based on a tacit balance between the promotion of safety and novelty in the therapeutic context, the analysis of the results from the clinical case underlines the great importance of therapist´s support and client´s experience of security, as a possible enhancer, in this particular case, therapeutic success and higher therapeutic alliance, in the middle and final fases.