Sobrecarga, sintomatologia física, morbilidade psicológica e coping em cuidadores de familiares com apoio de enfermagem domiciliário

Abstract

Este estudo tem como finalidade estudar a presença de Sobrecarga, Sintomatologia Física, Morbilidade Psicológica e estratégias de Coping em cuidadores de familiares em situação de dependência, com recurso a uma amostra de 50 cuidadores. Trata-se de um estudo correlacional e transversal. Os cuidadores foram seleccionados tendo por base a dependência funcional dos familiares avaliada através do Índice de Barthel (IB), Versão Portuguesa de Sequeira (2007). Os instrumentos utilizados foram: “Mini Mental State Examination” (MMSE), Versão portuguesa de Guerreiro e col. (1994); “Burden Interview Scale” (ZBI), Versão Portuguesa de Sequeira (2007); “Health Symptoms Checklist” (HSC), Versão de Investigação de Pereira e Pedras (2008); “Depression Anxiety Stress Scales” (DASS), Versão Portuguesa de Pais-Ribeiro, Honrado e Leal (2004); “Carer’s Assessment of Managing Index” (CAMI), Versão de Investigação de Brito (2000). Os resultados revelam a existência de uma relação positiva marginalmente significativa entre a sobrecarga e a sintomatologia física no cuidador. Verificou-se também a existência de uma relação positiva entre a sobrecarga e a morbilidade psicológica, bem como uma relação positiva entre a sintomatologia física e a morbilidade psicológica. Verificou-se ainda uma relação negativa entre as estratégias de coping utilizadas e a ansiedade. Os resultados revelaram uma relação positiva entre a duração dos cuidados e as estratégias de coping dos cuidadores, e uma relação negativa entre a duração dos cuidados e a ansiedade. Finalmente, encontrou-se uma relação negativa marginalmente significativa entre a duração dos cuidados e o stress. As mulheres apresentam mais ansiedade, os filhos/companheiros apresentam menos estratégias de coping: “lidar com os acontecimentos/ resolução dos problemas” e “percepções alternativas sobre a situação”. Os cuidadores de familiares dependentes com défice cognitivo apresentam mais sobrecarga, ao nível da “relação interpessoal” e “percepção de auto-eficácia” e menor coping, ao nível das “percepções alternativas sobre a situação”. Os cuidadores com baixa escolaridade apresentam mais sintomatologia física e depressão. Por sua vez, os cuidadores casados/união de facto apresentam mais sobrecarga total. Os resultados do presente estudo revelam a importância da sinalização dos cuidadores com maior morbilidade no sentido destes receberem acompanhamento psicológico, bem como a necessidade de intervenção ao nível das estratégias de coping, dado serem importantes na diminuição da sobrecarga, morbilidade psicológica e sintomatologia física.

This study assessed the relationships among Burden, Health Symptoms, Psychological Morbidity and Coping strategies in 50 family caregivers. This is a correlational and cross-sectional study. The selection of caregivers was based on the functional dependency of the family members, assessed by the Barthel Index (IB), Portuguese Version of Sequeira (2007). The instruments used were: “Mini Mental State Examination” (MMSE), Portuguese Version of Guerreiro and col. (1994); “Burden Interview Scale” (ZBI), Portuguese Version of Sequeira (2007); “Health Symptoms Checklist” (HSC), Research Version of Pereira and Pedras (2008); “Depression Anxiety Stress Scales” (DASS), Portuguese Version of Pais-Ribeiro, Honrado and Leal (2004); “Carer’s Assessment of Managing Index” (CAMI), Research Version of Brito (2000). The results showed the existence of a marginally positive relationship between burden and physical symptoms in the caregiver. The results also showed the existence of a positive relationship between burden and psychological morbidity, as well as a positive relationship between physical symptoms and psychological morbidity. The data showed a negative relationship between coping strategies and anxiety. The results also revealed a positive relationship between duration of care and coping, as well a negative relationship between duration of care and anxiety. Finally a marginally negative relationship between duration of care and stress was found. Female caregivers presented more anxiety than males. Offspring/Spouses caregivers showed less coping strategies: “dealing with events/ problem solving” and “alternative perceptions on the situation”. Caregivers of family members with cognitive impairment showed more burden in terms of “interpersonal relationship”, “self-efficacy perception” and less coping strategies as “alternative perceptions on the situation”. Caregivers with low education revealed more physical symptoms and depression. On the other hand, married/cohabitating caregivers had more total overload. The results of the present study show the importance of signaling the caregivers at risk of higher morbidity for psychological intervention, as well as the need for interventions to include coping strategies, since they are important in reducing caregivers’ burden, psychological morbidity and physical symptoms.