Experiências de vida autorrelatadas por gémeos: (In)consistências num percurso de vida similar

Abstract

A investigação sobre experiências de vida é pouco consensual relativamente aos designs e resultados sobre impacto. Habitualmente, os estudos privilegiam o autorrelato retrospetivo, cuja validade e consistência são controversas. Este estudo debruçou-se sobre a consistência dos autorrelatos de experiências de vida positivas e negativas em gémeos, tendo como objetivos investigar a concordância entre experiências de vida; a corroboração das experiências de vida; e a relação entre experiências de vida e sintomatologia psicopatológica. Neste estudo participaram 47 pares de gémeos (N = 94). Os dados foram recolhidos na comunidade por snowball sampling. Os resultados indicam que os gémeos partilham grande parte das experiências de vida e, globalmente, corroboram as experiências de vida dos irmãos. Relativamente à sintomatologia, concluímos que existe uma relação significativa entre experiências de vida e sintomatologia, sendo que quanto mais experiências positivas menor a sintomatologia psicopatológica e quanto mais experiências negativas maior a sintomatologia psicopatológica. Estes resultados sustentam o recurso a autorrelatos retrospetivos e contribuem para uma melhor compreensão da relação entre experiências de vida e impacto.

The researches about positive and negative life experiences are nonconsensual regarding designs and results about impact. Usually, studies are based on retrospective selfreports, which validity and reliability are controversial. This study focuses on the reliability of retrospective self-reports of positive and negative life experiences and aimed to evaluate the concordance of life experiences; the corroboration of life experiences; and the association between life experiences and psychological symptoms. We studied 47 pairs of twins (N = 94) and data was collected in the community through snowball sampling. Results revealed that twins share a great part of life experiences and globally they corroborate their sibling’s life experiences. Concerning psychological symptoms, we concluded that there was an association between life experiences and symptomatology. Participants with higher positive experiences presented less symptoms and an increased number of negative experiences is associated with higher values of psychological symptoms. Our results supports the retrospective self-reports and contribute to a better understanding of the relationship between life experiences and psychological symptoms.