O cumprimento do contrato psicoloógico e a satisfação no trabalho de profissionais de saúde em contexto militar

Abstract

Este estudo teve como objetivo central investigar a relação entre a perceção de quebra do contrato psicológico (PQCP) e a satisfação no trabalho dos médicos de uma instituição militar brasileira. O contrato psicológico e a satisfação no trabalho salientam-se como preditores dos comportamentos nas organizações. De acordo com Rousseau (1989), a melhor forma de entender o funcionamento do contrato psicológico é através da análise das consequências da sua rutura. Os trabalhos de Robinson e Rousseau (1994), Morrison e Robinson (1997) e Knights e Kennedy (2005), demonstram que a rutura do contrato psicológico relaciona-se negativamente com o grau de satisfação no trabalho. De caráter quantitativo e utilizando uma metodologia transversal, a presente investigação examinou a existência de possíveis preditores da PQCP e da satisfação no trabalho, para além da PQCP. Também se analisou, a existência de diferenças na PQCP e no grau de satisfação no trabalho, entre os grupos definidos por variáveis características da população em estudo. O instrumento de recolha de dados utilizado foi o inquérito por questionário, obtendo-se 172 respostas válidas. Os resultados encontrados confirmam que, para a população em estudo, a PQCP prediz a satisfação no trabalho, apresentando-se o grau desta última negativamente relacionado com o grau da PQCP. Como tal, esta investigação corrobora investigações anteriores nestas áreas. Além da PQCP, o “exercício de atividades administrativas” apresenta-se como preditor da satisfação no trabalho. A atribuição do “tipo do vínculo laboral” como preditor da PQCP não se confirmou, sendo que tal papel coube à condição da “primeira experiência profissional” ter sido ou não realizada na instituição. As variáveis “exercício de atividades administrativas”, “tipo de vínculo laboral” e “primeira experiência profissional” apresentaram-se como fatores de distinção relativamente à PQCP e à satisfação no trabalho. Por último, a variável “antiguidade” mostrou-se como fator diferenciador do grau de satisfação no trabalho, não existindo diferenças entre os grupos definidos, em função do género.

This study aimed to investigate the relationship between the perception of psychological contract breach (PQCP) and job satisfaction of physycians in a Brazilian military institution. The psychological contract and job satisfaction stand out as predictors of behavior in organizations. According to Rousseau (1989), the best way to understand the operation of the psychological contract is through the analysis of the consequences of rupture. The work of Robinson and Rousseau (1994), Morrison and Robinson (1997) and Knights and Kennedy (2005) show that the rupture of the psychological contract relates negatively with the degree of job satisfaction. Based on a quantitative approach and employing a transversal methodology, this research examined the existence of possible predictors of PQCP and job satisfaction, besides PQCP itself. It also analyzed differences in PQCP and the degree of job satisfaction among groups defined by variables which are features of the studied population. There was used a survey for data collection, yielding 172 valid responses. The results confirm that, for the population under study, the PQCP predicts job satisfaction, showing the degree of the latter negatively correlated with the degree of PQCP. As such, the investigation confirms earlier research in these areas. Besides PQCP, the "exercise of administrative activities" presents itself as a predictor of job satisfaction. The assignment of the "type of employment relationship" as a predictor of PQCP was not confirmed, but this role was determined by the eventual status of "first professional experience" being held in the institution or not. The variables "exercising of administrative activities", "type of employment relationship" and "first professional experience" presented themselves as distinguishing factors regarding PQCP and job satisfaction. Finally, the variable "seniority" was shown as an distinguishing factor regarding the degree of job satisfaction, with no differences between groups defined by gender.