Trabalho por turnos e vida familiar e social: comparação da perspetiva trabalhador(a): cônjuge

Abstract

A investigação sobre o impacto do trabalho por turnos na vida familiar e social tende a privilegiar apenas a perspetiva do(a) trabalhador(a), sendo rara a investigação que compara a perspetiva de terceiros. Considerando esta limitação, o presente estudo contempla a perspetiva do cônjuge do trabalhador por turnos rotativos na compreensão do impacto do trabalho por turnos em dimensões da vida familiar e social, procurando avaliar se existem diferenças na perceção dos impactos entre os dois grupos. Participaram no estudo 102 pessoas, 51 trabalhadores de uma empresa do setor industrial e os respetivos cônjuges. Na recolha dos dados, foram aplicados dois questionários, um direcionado a cada grupo. Verificou-se um impacto moderado a elevado deste sistema de trabalho na maioria das dimensões avaliadas, tendo o maior impacto sido observado nos itens/domínios “contacto parental entre trabalhador e o(s) filho(s) durante a tarde” e “vida social conjunta”. Os dois grupos mostraram-se congruentes nos resultados, evidenciando apenas uma diferença marginalmente significativa no item “vida familiar ou pessoal do cônjuge”. Análises complementares indicam ainda diferenças significativas na perceção dos cônjuges com ou sem filhos no item “sentimentos do cônjuge acerca do trabalho por turnos” sendo que os primeiros exibiram uma avaliação mais negativa.

Research about the impact of shift work on family and social life tends to focus only on a worker’s perspective, while it rarely compares with third-party perspectives. Seeing this limitation, the present study contemplates the shift worker's spouse's perspective to understand the impact of shift work on family and social life dimensions, seeking to assess whether there are differences in the perception of impacts between the two groups. The study involved 102 people, 51 employees of an industrial company and their spouses. In data collection, two questionnaires were applied, one addressed to each group. There was a moderate to high impact of this work system in most of the dimensions evaluated, with the greatest impact being observed in both "parental contact between worker and child(s) during the afternoon" and "joint social life" items/domains. Both groups were congruent in the results, showing only a marginally significant difference in the "family or personal life of the spouse" item. Complementary analysis also indicates significant differences in the perception of spouses with or without children in "spouse’s feelings about shift work" item, the former showing a more negative evaluation.