Tratar disfunções urinárias com uroterapia num Hospital: lições aprendidas ao longo dos anos

Abstract

De acordo com as guidelines do International Children’s Continence Society, a uroterapia é a primeira linha de tratamento para a maioria das condições do trato urinário inferior em crianças e adolescentes. Apesar desta recomendação ainda não há meta-analises para justificar a efetividade da uroterapia, no entanto estudos retrospetivos têm demonstrado que 75% a 90% das crianças apresentam melhoria com esta abordagem. No entanto, a resistência à uroterapia é uma realidade. O objetivo deste projeto é fazer um levantamento das recidivas após o tratamento com uroterapia num hospital. O projeto foi desenvolvido a partir dos dados do serviço de estatística. Entre 2014 e 2017, 216 crianças e adolescentes foram consultadas por Medicina Física e Reabilitação Uroginecologia, dos quais 41 (19%) foram referenciadas para fazer uroterapia e 15 (36.6%) repetiram o tratamento após um ano de uroterapia. As razões apontadas na literatura são várias, desde a falta de follows-up regulares, falta de informação e insistência dos pais ou cuidadores e, principalmente, baixa motivação das crianças e adolescentes para manter o que aprenderam. Apesar desta informação de carácter mais geral, futuros estudos deverão analisar com pormenor a razão das recidivas e, a partir daí, desenvolver estratégias para diminuir o número de recidivas.

According to the International Children's Continence Society Guidelines, urotherapy is the first line of treatment for most of lower urinary tract conditions in children and adolescents. Despite this recommendation, there are still no meta-analyzes available to justify the effectiveness of urotherapy, however, retrospective studies show that 75% to 90% of children improve their symptoms with this approach. Despite this success, resistance to urotherapy is a reality. The purpose of this project is to collect data of relapses following treatment with urotherapy in a hospital. The data was collected from the statistics department of this hospital, where we found that 216 children/adolescents were consulted in the Physical Medicine and Rehabilitation-Urogynecology consultation, of which 41 (19%) were recommended for urotherapy treatment and 15 (36.6%) repeated treatment after one-year post urotherapy. There are several reasons pointed out in the literature, for example, the lack of regular follow-ups, lack of information and insistence of the parents/caregivers and, mainly, the low motivation of the children and adolescents to maintain what they learned during urotherapy. Despite this more general information, future studies should analyze in detail the reason for relapses and, from there, develop strategies to reduce the number of recurrences.