Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/65871

TítuloProcessamento emocional do cliente e mudança terapêutica
Outro(s) título(s)Client’s emotional processing and therapeutic change
Autor(es)Pinheiro, Patrícia de Jesus Lopes
Orientador(es)Gonçalves, Miguel M.
Salgado, João Manuel de Castro Faria
Data4-Out-2019
Resumo(s)Nos últimos anos, a investigação em psicoterapia tem-se focado no esclarecimento dos processos e mecanismos que tornam este tipo de intervenção eficaz. As terapias humanistoexperienciais sugerem que a mudança terapêutica é promovida pelo processamento emocional, i.e., pela consciência, ativação, experienciação e exploração das experiências emocionais para lhes atribuir significado e transformar as emoções desadaptativas em adaptativas. A investigação, desenvolvida maioritariamente na depressão, tem conferido apoio empírico a essa hipótese, sugerindo que, em diferentes modalidades terapêuticas, a maior capacidade de processamento emocional prediz melhores resultados no final do tratamento. Os estudos prévios, avaliaram o nível de processamento emocional num número reduzido de sessões (usualmente, 2 ou 3) e estimaram o seu efeito na mudança dos sintomas do início para o final da terapia, o que se poderá associar a dois potenciais problemas. Primeiro, ignorar a variabilidade entre as sessões poderá ter conduzido à generalização de resultados enviesados. Segundo, não considerar na análise de dados o efeito do alívio sintomático nas sessões anteriores àquelas em que foi avaliado o processamento emocional, poderá ter enviesado (causalidade inversa) e/ou sobrestimado os resultados observados. Assim, apesar de os estudos prévios reportarem que o processamento emocional contribui para a redução dos sintomas, a associação longitudinal entre essas variáveis carece de investigação adicional. Para compreender de forma mais aprofundada o papel do processamento emocional em psicoterapia, para além de estimar o efeito na mudança sintomática, importa rastrear o tipo de emoções ativadas ao longo da terapia, e o contributo do seu processamento para a mudança nas experiências emocionais desadaptativas dos clientes. Por fim, para conferir suporte adicional à hipótese de que este é um fator comum de mudança, urge explorar o papel do processamento das emoções na explicação da mudança sintomatológica e emocional noutras problemáticas. Desenvolvemos três estudos para clarificar o contributo do processamento emocional para a mudança terapêutica, especificamente, (1) para a redução dos sintomas e (2) para a mudança das experiências emocionais desadaptativas dos clientes. Para tal, medimos (1) o processamento emocional através da Experiencing Scale (EXP), (2) o tipo de emoções ativadas através dos Episódios Emocionais (EEs), e (3) a intensidade dos sintomas através do Beck Depression Inventory II (BDI-II), do Outcome Questionnaire 10.2 (OQ-10.2) e do Inventory of Complicated Grief (ICG). No primeiro estudo, realizamos uma análise intensiva de todas as sessões de um caso de sucesso em Terapia Focada nas Emoções para a depressão. A análise longitudinal da associação entre o nível de processamento emocional atingido pela cliente e a intensidade dos sintomas clínicos (OQ- 10.2) sugeriu que as variáveis se encontravam forte e negativamente associadas ao longo do processo terapêutico (lag 0). Observamos, ainda, que durante o aumento da capacidade de processamento emocional, as experiências emocionais desadaptativas da cliente foram transformadas em respostas mais adaptativas. No segundo estudo, investigamos o efeito do processamento emocional na mudança sintomática durante o tratamento numa amostra de 50 casos diagnosticados com depressão e atendidos em Terapia Focada nas Emoções e Terapia Cognitivo-Comportamental. Observamos que o aumento da capacidade de processamento emocional durante a terapia contribuiu para (1) a diminuição dos sintomas depressivos (BDI-II) do início para o final do tratamento, e (2) para a redução gradual da intensidade dos sintomas clínicos ao longo das sessões (lag +1). Por fim, no terceiro estudo investigamos de forma intensiva todas as sessões de dois casos que experienciavam luto complicado, atendidos em Terapia de Reconstrução de Significado no Luto. Verificamos que, o caso de sucesso apresentou um aumento mais acentuado na capacidade de processamento das suas emoções, comparativamente com o caso de insucesso. Tal como no primeiro estudo, durante o aumento da capacidade de processamento emocional, as emoções desadaptativas associadas às experiências de luto foram transformadas em respostas mais adaptativas ao longo das sessões, principalmente no caso de sucesso. Os resultados observados no âmbito da presente dissertação devem ser interpretados tendo em consideração as limitações associadas aos estudos levados a cabo, não podendo ser generalizados. Ainda assim, parecem conferir apoio empírico adicional à hipótese proposta pelas abordagens humanisto-experienciais de que o aumento, durante as sessões, da capacidade dos clientes processarem as suas experiências emocionais contribui para a mudança terapêutica ao longo da terapia. O processamento emocional poderá funcionar como um fator que contribui para a mudança em diferentes problemáticas e abordagens psicoterapêuticas. Com base nos resultados observados, elencamos implicações para a prática clínica e para a investigação em psicoterapia.
Over the recent years, research in psychotherapy has been focused on clarifying the processes and mechanisms associated to the efficacy of this type of treatment. According to humanistic-experiential therapies therapeutic change is promoted by emotional processing, i.e., by awareness, activation, experiencing and exploration of emotional experiences to create meaning and transform maladaptive emotions into adaptive ones. Research, mainly conducted on depression, has supported this hypothesis, suggesting that an improved capability of emotional processing predicts better outcome at the end of treatment in different modalities. Prior studies assessed emotional processing in a short number of sessions (usually 2 or 3 per case) and estimated its effect on symptom change from pre- to post-therapy, which may be associated to twofold issues. First, not considering the variability between sessions may lead to the generalization of inaccurate results. Second, not accounting for the symptomatic improvement prior to the sessions where emotional processing was assessed may misrepresent (reverse causality) and/or overestimate the findings. Although previous studies found emotional processing to be a contributor to the decrease of symptoms, the longitudinal association between these variables needs further investigation. In addition to estimate the effect of emotional processing on symptom reduction, tracking the type of emotions that emerge throughout therapy and the contribution of their processing to the transformation of maladaptive emotions may be informative to understand its role in psychotherapy. Finally, to support the hypothesis of being a common factor, the role of emotional processing in the explanation of change in different emotional disorders also needs to be further explored. In the current thesis we have developed three empirical studies to clarify the contribution of emotional processing to therapeutic change, specifically, (1) to symptom reduction and (2) to the transformation of maladaptive emotional experiences. We assessed (1) emotional processing through the Experiencing Scale (EXP), (2) the type of emotions through the Emotion Episodes (EEs), and (3) the intensity of symptoms through the Beck Depression Inventory II (BDI-II), the Outcome Questionnaire 10.2 (OQ-10.2), and the Inventory of Complicated Grief (ICG). In the first study we performed an intensive analysis of all the therapeutic sessions of a good outcome case in emotion-focused therapy for depression. The longitudinal analysis of the association between the level of emotional processing and the intensity of clinical symptoms (OQ-10.2) suggested these variables were strong and negatively associated throughout sessions (lag 0). We also observed the transformation of the client's maladaptive emotions into more adaptive responses alongside the increase in emotional processing. In the second study we investigated the effect of emotional processing on symptom change, during treatment, in a sample of 50 cases of depression treated with emotion-focused therapy and cognitive-behavioral therapy. We found that an increase in the capability to process emotional experiences during treatment contributed to (1) a decrease in depressive symptoms (BDI-II) from pre- to post-therapy, and to (2) a reduction in clinical symptoms’ intensity in the next-session (lag + 1). Finally, in the third study we performed an intensive analysis of all the therapeutic sessions of two cases experiencing complicated grief treated with meaning reconstruction grief therapy. When compared to the poor outcome case, the good outcome case presented a higher improvement of her capability to process emotions. As observed in the first study, in the good outcome case maladaptive emotions were transformed into more adaptive responses alongside the increase in the client’s emotional processing capability. Our findings on the current thesis should be carefully interpreted considering the limitations associated to the studies we carried out, which prevents their generalization. Nonetheless, our results seem to provide additional empirical support to the humanistic-experiential approaches’ hypothesis that the improvement of the clients’ capability to process emotional experiences contributes to therapeutic change throughout therapy. Regardless of the psychiatric disorder and the psychotherapeutic approach, emotional processing may operate as a factor that contributes to explain the client’s change process. Building on our findings we presented and discussed implications to clinical practice and psychotherapy research.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Psicologia Aplicada
URIhttps://hdl.handle.net/1822/65871
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CIPsi - Teses de Doutoramento

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