Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/6909

TítuloLima internacional: paisagens e espaços de fronteira
Autor(es)Carvalho, Elza Maria Gonçalves Rodrigues de
Orientador(es)Silva, Rosa Fernanda Moreira da Silva
Data16-Jul-2007
Resumo(s)Com a realização do presente trabalho questionamos espaços e paisagens hierarquizados pelo rio Lima, que registaram nas últimas décadas, a exemplo de todo o Mundo Rural, mutações económicas e sociais que os tornaram mais vulneráveis aos impactos da mundialização da economia. Constitui a área da nossa investigação os espaços e territórios da bacia do rio Lima delineados pelas portelas a altitudes superiores a 1000 metros, inseridos nas unidades topográficas bem individualizadas, que são as serras espanholas do Xurés e do Laboreiro, as portuguesas da Amarela e da Peneda, mas, directamente influenciados pela presença do limiar político, que é a fronteira, tendo, sensivelmente, como limiar as albufeiras, a norte, a das Conchas, e a sul, a de Touvedo. Território que encerra um património dotado de uma preciosidade, que se identifica com as primeiras civilizações, a megalítica, a castreja, a romana, ou, a árabe, não esquecendo, também, a sueva e a visigoda. Mas, são as estruturas defensivas com função exclusivamente militar e contemporâneas do advento da Reconquista Cristã, os castelos, que em colaboração estrita com a acção humanizadora dos Mosteiros, se tornam imprescindíveis na compreensão do povoamento do território em estudo. A pressão demográfica, as exíguas produções agrícolas e a própria influência colonizadora do mosteiro sob protecção militar do castelo incentivaram a busca de novos espaços, que, existiam nos patamares e plainos superiores da serra. Modelo de povoamento milenar justificado pelas condições naturais, adversas e hostis, que exigiram às populações residentes a implementação de esquemas e estratégias de sobrevivência, como seja, a adopção de sistemas agrários que envolveram a exploração agrícola por conta própria e propriedade privada e os montes em comum, a exploração silvícola em comum. A exemplo dos tempos medievais, até meados do séc. XX a economia das populações dependia, primordialmente dos respectivos montes, cuja expressão máxima da sua importância se reflectia no pastoreio em comum, que se complementava com as produções da exploração agrícola, por conta própria e propriedade privada. Apesar do vultuoso empreendimento do complexo hidroeléctrico do Lindoso, actualmente, do Alto Lindoso, são territórios que na primeira década do séc. XXI se caracterizam por um esvaziamento das suas gentes, consequências do intenso êxodo dos habitantes, que se iniciou nas décadas de cinquenta/sessenta do século passado. Despovoamento que se processou a um ritmo acentuado, do que resultou um efectivo de habitantes, predominantemente idoso, que vive, maioritariamente, dos rendimentos provenientes do estrangeiro, as pensões de reforma adquiridas, após longos anos de trabalho árduo, em países como a França, os Estados Unidos, ou, o Canadá. Paisagens e espaços inseridos no primeiro Parque Transfronteiriço Europeu, o do Gerês/Xurés, em que as parcelas, outrora de cultivo, se encontram predominantemente de paul, com a serra a destacar-se pelas manchas de floresta, as resinosas e, até, as folhosas a serem devoradas pelos incêndios de Verão, a que não fogem as extensas superfícies de pastagem, hoje, entregues "à sua sorte". Se os territórios em estudo se identificam por uma baixa densidade relacional, encerram um conjunto de amenidades "latentes", como seja, a variedade de culturas, os valores paisagísticos e ambientais ímpares, além da matriz identitária multissecular das populações que, ainda, o povoam. Os evidentes sinais da procura no âmbito do Turismo de Natureza, a acção motivadora das jovens Associações de Desenvolvimento Local junto dos residentes, a esclarecerem os programas de iniciativa comunitária, que visam a revitalização das respectivas aldeias, permite-nos considerar este Lima raiano, não só um mercado emergente, como admitir que se encontra no advento de uma nova economia suportada pela oferta de produtos endógenos e complementares. Contudo, a oferta dos bens e dos novos serviços locais só se concretizará, quando se reunirem as condições propícias à recriação da agro-pastorícia em moldes a atrair e a fixar residentes, o que permite, sem qualquer dúvida, recriar as condições de vida local, indispensáveis ao incremento de outras actividades, nomeadamente, a turística e a de lazer, que contribuem, por sua vez, para assegurar a protecção e a valorização de estes espaços e paisagens com um teor arqueológico e cultural inestimável. Em síntese, o Lima raiano por nós estudado reúne condições, caso haja vontade, inteligência e imaginação por parte de todos os intervenientes, os residentes e as entidades competentes, para a implementação de soluções que viabilizem, no séc. XXI, um desenvolvimento harmonioso entre a agro-silvo-pastorícia e o ambiente, que preserve o meio natural, a paisagem e o património rurais, emergindo, assim, uma nova vida em territórios serranos e de raia, aparentemente agrestes, mas, que num futuro próximo, poder-se-ão integrar, mesmo a nível peninsular, nas melhores bolsas de oportunidades.
With the execution of this work we debate the areas and landscapes, hierarchized by the Lima, which showed in the past decades, just like the whole Rural World, economic and social changes that made them more vulnerable to the impacts of economic globalization. Our research includes the areas and lands of the Lima hydrological basin limited by the gorges in altitudes over 1 000 ms, inserted in the well-defined topographic units of Xurés and Laboreiro in Spain and Amarela and Peneda in Portugal, but directly influenced by the political frontier and having as a limit the dams of Conchas in the north and Touvedo in the south. It is a territory that includes a splendid patrimony identified with the earliest civilizations: megalithic, pre-Roman, Roman or Moorish and also the Suevi and Visigoth civilizations. But it is the castles, defensive structures for military use only, and contemporary to the beginning of the Christian conquest, that became indispensable to understand the peopling of the analysed territory, together with the humanizing work of the monasteries. The demographic pressure, the scarce crops and also the colonising influence of the monastery, helped by the military protection of the castle, encouraged the search for new land on the landings and higher plateaus of the mountain. This is a model of millennial peopling justified by the hostile, adverse, natural conditions that demanded from the natives the improvement of schemes and special survival strategies such as: agrarian methods based on the self-sufficient land exploration, private property, common land and common sylvan exploration. From the Middle Ages up to the 20th century, the population economy mainly depended on its own common grazing, which was helped by agricultural crops, either on one's own account or in private property. In spite of the huge venture of the Lindoso hydroelectric plant, the Alto Lindoso lands are nowadays, in the first decade of the 21st century, characterised by an emptying of their inhabitants as a consequence of the intense migration that started in the 50s and 60s of last century. This decline in population, which happened at an outstanding rhythm, has resulted in a predominantly aged population who mainly lives from income from abroad, retiring pensions received after long, hard, working years in countries such as France, USA or Canada. Landscapes and areas inserted in the first Parque Transfronteiriço Europeu Gerês/Xurés, in which the plots of land, formerly arable land, are now marsh, with the mountain showing green areas. The resinous and even the leafy trees are destroyed by summer fires which also affect the vast grazing grounds, now totally abandoned. If the studied lands show a low relational density, they also include a collection of latent amenities such as the variety of crops, the unmatched landscape and environmental values, besides the centuries-old identity origin of the inhabitants who still live there. The evident demand in Ecoturism areas, the motivating action of novel Local Development Associations near the population clarifying the community programmes (these programmes aim at revitalizing their villages), let us not only consider this bordering Lima an emerging market, but also admit that it is on the threshold of a new economy sustained by endogenous and complementary products. However, the offer of goods and new local services will only become a reality when the favourable conditions to the re-creation of the agro-pasturing life are found, to attract and establish residents, what, undoubtedly, allows an improvement in the quality of the environment, which is the guarantee of other activities, tourism and leisure, which, in turn, contribute to guarantee the protection and valorization of these areas and landscapes, whose archaeological and cultural content is undeniable. To sum up, the analysed bordering Lima has conditions if there are will, intelligence and imagination from all intervenients, the residents as well as the lawful entities, to implement solutions which make, in the 21st century, an harmonious development between the agro-sylvo-pasturing and the environment possible, which will preserve the rural environment, the landscape and patrimony, so that a new life in mountainous and bordering lands, which are apparently wild, can emerge. These lands will, in a new future, be likely to be incorporated, even in a peninsular level, in the best opportunity markets.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de Doutoramento em Geografia, ramo do Conhecimento em Geografia Humana
URIhttps://hdl.handle.net/1822/6909
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
GEO - Teses de Doutoramento

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