De Ceuta para o mundo: em rota pela regularidade urbana

Abstract

A tomada portuguesa de Ceuta em 1415 inaugurou processos históricos que irreversivelmente condicionariam o mapa político do mundo. Por entre eles, o desígnio da urbanização envolveu a ocupação e/ou fundação de vilas e cidades pelas costas atlânticas e índicas. Das ruas e praças públicas de Ceuta no século XV para os traçados reguladores do século seguinte, os portugueses implantaram vilas e cidades cujo risco revela marcas de regulação geométrica, numa época em que conceitos e práticas urbanas se renovavam através da fundação de vilas novas medievais (ou bastides) e de um espírito higienista subjacente a uma modernidade que se anunciava na Europa. De um urbanismo tendencialmente regular que emanava da metrópole a uma aspiração claramente renascentista, Angra, Mazagão ou Salvador foram portos de abrigo da obra urbana ao romano da Expansão portuguesa. Tomando como exemplo a experiência em Ceuta e nas suas vizinhas marroquinas, esta palestra procurará viajar pela aplicação de matrizes racionais ao espaço urbano, entre o modelo científico e a experiência empírica portuguesa, entre o tardo-medievo e a época moderna. Do mapa mental cartesiano à efectiva colonização espacial, a epopeia portuguesa reforça uma rota pela regularidade urbana.