Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/7632

TítuloO sentir e o significar : para uma leitura do papel das narrativas no desenvolvimento emocional da criança
Autor(es)Santos, Maria João Sousa Pinto dos
Orientador(es)Viana, Fernanda Leopoldina
Palavras-chaveRelação interpessoal
Perda
Representação
Simbolização
Imagem mental significada
Estratégia de elaboração emocional
Pensamento
Identification
Representation
Symbolization
Elaboration/Thought
Meaning and Feeling
Mental images
Associative chain of images
Data21-Jan-2008
Resumo(s)O presente trabalho é um estudo longitudinal realizado com um grupo de crianças desde o ano pré-escolar até ao 2º. ano de escolaridade, e no qual pretendemos estudar o papel dos contos na elaboração dos afectos. Assumimos que as crianças são sujeitos com uma mente dinâmica, capazes de construir novos pensamentos, usando as experiências significadas pela emoção e pelo sentimento. Partimos da hipótese de que a leitura de histórias, numa “Hora do Conto”, pode funcionar como organizador das relações interpessoais, onde as experiências vividas, as experiências internas e as experiências do mundo se reconstroem em emoções fantasmáticas e significadas. Este estudo procurou analisar em que medida a leitura de um conjunto de histórias, de autores Portugueses permitiu o desenvolvimento de uma estratégia de elaboração emocional promotora da adaptação. Para tal, procedemos a um estudo em que um grupo de crianças foi avaliado no ano pré-escolar através do teste projectivo Era uma vez…. e, posteriormente, sujeito à leitura de histórias, e à sua narrativa gráfica oral. As histórias foram perspectivadas como fonte de conhecimento e de vivências emocionais, funcionando como laboratório de experimentação, onde cada criança testou os seus conhecimentos com o objectivo de encontrar explicações para os seus medos e as suas angústias, podendo realizar novas elaborações. Estas elaborações foram novamente avaliadas, através do teste Era uma vez…, no 2º final ano de escolaridade. As histórias foram, ainda, um espaço de relação entre o educador e o educando numa estratégia de ensino aprendizagem dos afectos ao serviço do desenvolvimento emocional. Na impossibilidade de comparar os resultados obtidos pelas crianças deste estudo com as de um grupo controlo estabelecido para o efeito, optámos por compará-los com os de crianças de um outro estudo que visou a identificação das estratégias de adaptação emocional características de uma mesma faixa etária. Para tal, concebemos uma fórmula que, através da frequência das estratégias escolhidas para responder ao conflito apresentado em cada uma das cenas do teste, nos permitiu avaliar, de forma objectiva, a elaboração que as crianças realizaram perante situações dolorosas, ou seja, como é que elas conseguiram encontrar uma organização mental para responder a algo desconhecido. Verificámos que as crianças da amostra, sujeitas a escutar e a narrar histórias, apresentavam, em situações de ansiedade, um tipo de elaboração mental que usava por excelência o recurso à fantasia, à fantasia viável (Fagulha, 1997). Esta estratégia emocional permite o reconhecimento da situação de ansiedade e a procura de uma resposta que utiliza o “faz-de-conta” para significar os afectos, conduzindo à sua compreensão, e não a uma negação ou impossibilidade de elaboração mental, tipo de estratégia mais frequente na amostra de crianças do estudo que nos serviu de comparação (Fagulha, 1992 e Pires, 2001). Assim, no nosso grupo existe, como resposta às situações apresentadas, uma escolha sistemática de elaboração pelo recurso a uma Estratégia com Equilibração Emocional. Através das experiências e da capacidade de lhe atribuir um significado, a criança cria imagens mentais que lhe permitem ter uma mente dinâmica que não se centra no recurso a uma resolução somente pragmática e factual, optando, também, pelo fantástico e pelo uso da simbolização, exibindo uma modalidade de elaboração emocional dos estados de ansiedade mais flexível e criativa que a das crianças do estudo de Pires (2001). As crianças do nosso estudo apresentam confiança nos seus recursos para responder a situações problemáticas, dado que não optam pela fuga, tal como acontece com as crianças não sujeitas a este tipo de actividade (Pires, 2001). Apresentam, ainda, uma maior capacidade de sequenciação da acção, pelo encadeamento de imagens mentais significadas, indicador de uma melhor organização dos acontecimentos e logicamente, de uma melhor compreensão, que conduz à elaboração do pensamento e ao desenvolvimento psicológico. Perante afectos dolorosos, as crianças deste estudo utilizaram a criatividade, procurando uma Estratégia com Equilibração Emocional. Tal como os heróis dos contos enfrentam as provas com o objectivo de atingir a felicidade, também as crianças deste estudo procuram uma solução para os problemas e não a fuga aos mesmos. A análise dos resultados obtidos neste trabalho evidencia também a necessidade de educadores e professores educarem as crianças a sentir e a lidar com os afectos, nomeadamente a perda e o ataque à auto-estima, tal como se ensinam saberes, pela relação, sendo que as histórias infantis podem ser esse espaço de criação e de significação dos afectos. Evidenciou também que é necessário falar de todas as emoções, com o objectivo de estas serem significadas, transformando-se em sentimentos disponíveis para elaborar de forma suportável os desejos através de formas de prazer que vão do brincar até às produções artísticas.
This work is a longitudinal study carried out with a group of children from the last year of nursery school to the second year of primary school, which seeks to study the role of stories in the development of affections. We assume that children are subjects with a dynamic mind, capable of constructing new thoughts from significant experiences of emotion and feeling. We begin with the hypothesis that reading stories/tales, in a "Story Hour", can function as a way of organizing interpersonal relations, where lived experiences, internal experiences and experiences of the world rebuild themselves in fantasmatic and meaningful emotions. This study sought to analyze how the reading of stories written by Portuguese authors allows the development of an emotional strategy promoting adaptation. In order to do this, a group of children in the preschool year was evaluated through the projective test “Once upon a time…” and, later, submitted to story reading involving both verbal and graphic narratives. These stories were viewed as a source of knowledge and emotional experience, functioning as an experimentation laboratory, where each child tested its knowledge with the aim of finding explanations for its fears and anguishes, being able to carry out new elaborations. These elaborations were once again evaluated, through the test “Once upon a time...”, at the end of the second year of primary school. Stories were also a space of relation between the teacher and the pupil in a strategy of teaching and learning of affections serving the child’s emotional development. Since it was impossible to compare the results obtained from the children of this study with the ones of a control group formed for the effect, the results were compared with the ones of children of another study that aimed to identify strategies of emotional adaptation characteristic of the same age level. To this end, we conceived a formula that, through the frequency of the strategies chosen to answer a given conflict in each one of the images of the test, allowed us to evaluate, objectively, the elaboration that the children carried out in painful situations – in other words, how they managed to find a mental organization to respond to the unknown. We observed that the children of our sample, who listened to and told stories, presented, in anxiety situations, a type of mental elaboration that used essentially fantasy, but viable fantasy (Fagulha, 1997). This emotional strategy allows the recognition of anxiety situations and the search for an answer that uses "make believe" to signify the affections, leading to their understanding, rather than expressing the denial or impossibility of a mental elaboration, a type of strategy that was more frequent in the children of the study that we used for comparison (Fagulha, 1992 and Pires, 2001). Thus, in our group there was a systematic choice of elaboration by resorting to a Strategy with Emotional Balance as a response to the situations presented. Through both the experiences and the capacity of giving them a meaning, the child creates mental images that allow it to have a dynamic mind that is not focused only on a pragmatic and factual resolution, but chooses also to use fantasy and symbolization. Therefore, the children in our sample showed a more flexible and creative modality of emotional elaboration of states of anxiety than that of the children of the study conducted by Pires (2001). The children of our study show confidence in their resources to respond to problematic situations, since they do not opt for escape as it happens with children who do not experience this type of activity (Pires, 2001). They also present a greater capacity of ordering action by establishing chains of meaningful mental images. This indicates a better organization of events and, obviously, a better understanding, which leads to mental elaboration and to psychological development. Before painful affections, the children of this study used creativity, looking for a Strategy with Emotional Balance. Such as story-book heroes, who have to face trials with the goal of reaching happiness, the children of this study also look for a solution to problems, rather than an escape from them. The analysis of the obtained results shows the need for educators and teachers to help children to feel and to deal with the affections, especially the loss and undermining of self-esteem, in much the same way that they teach knowledge, through relation. The study also shows that children’s tales can be a space of creation and of signification of affections, and that it is necessary to talk about all the emotions, with the objective of giving them meaning, changing them into feelings that can be used to elaborate in a bearable form the desires through forms of pleasure that range from playing to artistic productions.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de Doutoramento em Estudos da Criança - Área do Conhecimento Psicopatologia da criança
URIhttps://hdl.handle.net/1822/7632
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento

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