Percepção do risco de desenvolvimento de lesões músculo-esqueléticas em jardinagem

Abstract

As lesões músculo-esqueléticas situam-se entre os problemas de saúde mais comuns relacionados com o trabalho e que afectam milhões de trabalhadores em todos os sectores de actividade. Este problema ocorre particularmente na agricultura, uma vez que o trabalho do campo continua a ser realizado em posturas adversas, os trabalhadores transportam cargas pesadas em posições antinaturais, ajoelham-se frequentemente, trabalham com os braços por cima do nível dos ombros, movem as mãos e os pulsos repetidamente e por vezes todo o corpo está sujeito às vibrações produzidas pelas máquinas agrícolas. O presente estudo pretende analisar a forma como os trabalhadores agrícolas, no caso concreto os jardineiros, percebem o risco de desenvolvimento de lesões músculo-esqueléticas e da relação entre esta percepção e o risco objectivo a que os mesmos estão expostos. Para o efeito foram realizados 53 inquéritos a jardineiros profissionais e em pleno exercício da actividade, pertencentes a 3 Câmaras Municipais e a 5 Empresas de Jardinagem e efectuados 73 registos de análises de posturas de trabalho através de observações directas durante a realização do trabalho. O questionário foi desenvolvido para avaliação das variáveis de natureza qualitativa, nomeadamente, o perfil profissional, a percepção das condições de trabalho (carga física, motivação e ambiente de trabalho), a percepção individual do risco (fontes de risco, efeitos, formas de protecção e comportamentos de risco) e a formação/informação. A análise ergonómica das posturas e exigências físicas dos jardineiros durante a realização do trabalho, foi efectuada por intermédio do método de análise denominado por RULA – Rapid Upper Limb Assessment. Das dez actividades analisadas, nomeadamente as actividadedes de sachar, ancinhar, adubar, aplicar produtos fitofarmacêuticos, aparar as beiras, podar, plantar, cortar a relva, mondar e cavar, foram seleccionadas 73 posturas individuais, cujos resultados obtidos nos permitiram concluir que estas tarefas envolvem um risco elevado de ocorrência de lesões músculoesqueléticas ligadas ao trabalho. A análise estatística dos resultados obtidos sugere que os trabalhadores com mais formação são aqueles que fazem as tarefas menos penosas sob o ponto de vista postural e que apresentam uma percepção mais precisa sobre as fontes e os efeitos dos riscos a que estão expostos e, naturalmente, se protegem mais, têm menores comportamentos de risco e adoptam posturas menos criticas durante o exercício da actividade.

Musculoskeletal diseases are among the most common health problems related to work, affecting millions of workers in all sectors of activity. This problem occurs particularly in agriculture, since such type of work continues to be held in critical postures with the workers carry heavy loads in nonnatural positions, often kneeling, working with the arms above the shoulders, moving the hands and wrists repeatedly and sometimes the entire body is subject to the vibrations produced by agricultural machinery. This study aims to examine how agricultural workers, in this case the gardeners, perceive the risk of developing musculoskeletal diseases and the relationship between this perception and the objective risk that they are exposed. For this purpose 53 questionnaires were applied to professional gardeners, belonging to 3 Chambers Municipal and 5 Companies of Garden and made 73 records of analysis of postures working through direct observations during work. The questionnaire was developed to evaluate the variables of a qualitative nature, namely, the professional profile, the perception of working conditions (physical load, motivation and working environment), the perception of individual risk (sources of risk, effects, ways of protection and risk behaviours and training / information. The analysis of ergonomic posture and physical demands of gardeners during the work was done through a specify method of analysis called RULA - Rapid Upper Limb Assessment. Amongst the ten activities examined, namely weeding, rake, manure, apply pesticides, trimming borders, lopping, planting, cutting the grass, weeding and digging, 73 postures individual, were selected. From this analysis it was possible to conclude that these tasks involve a high risk of musculoskeletal diseases development. The statistical analysis of the obtained results suggests that workers with higher education are those that carried out the less painful tasks from a postural point of view and who have a more precise understanding of the sources and the effects of the risks they are exposed to and, of course, if protect more, have less risk behaviours and adopt postures least criticisms during the activity.