Valorização de resíduos industriais não perigosos na fileira de produção de materiais cerâmicos

Abstract

A gestão de resíduos industriais não perigosos ou inertes representa um desafio importante que urge solucionar. Com efeito, tratando-se, muitas das vezes, de recursos materiais ou energéticos, a forma de gestão vulgarmente utilizada em Portugal, que passa maioritariamente pela deposição em aterro controlado, não se afigura como a metodologia mais adequada. De facto, ao desperdiçarem-se materiais e/ou energia, a sociedade está a desaproveitar o valor intrínseco inerente aos resíduos, sem qualquer valorização e sem resolver completamente o problema ambiental associado. Nesta perspectiva, o CVR – Centro para a Valorização de Resíduos e a Universidade do Minho, em colaboração com outras entidades e empresas, têm vindo a estudar a viabilidade de incorporar diversos tipos de resíduos industriais não perigosos na fabricação de materiais cerâmicos (1-7). As fileiras de produção de materiais cerâmicos escolhidas foram a de produção de tijolos em barro vermelho e a de produção de argila expandida. Ambos são produtos com exigências relativamente baixas em termos de qualidade, potenciando, por isso, a incorporação de resíduos. A investigação centrou-se em resíduos do sector da fundição (areias verdes e areias de macho) e em lamas de ETAR contendo metais. Para tal, realizaram-se ensaios em laboratório e experimentação à escala industrial. As experiências laboratoriais consistiram na produção de provetes contendo resíduos, avaliando-se o efeito sobre as propriedades mecânicas e sobre a lixiviabilidade. Os ensaios industriais procuraram avaliar aspectos técnicos associados ao manuseamento e mistura dos resíduos, bem assim como à qualidade dos produtos, lixiviabilidade e características das emissões gasosas.