Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/19745

TítuloEducação histórica e patrimonial: conceções de alunos e professores sobre o passado em espaços do presente
Autor(es)Pinto, Maria Helena Mendes Nabais Faria
Orientador(es)Barca, Isabel
Data31-Jan-2012
Resumo(s)Esta investigação enquadra-se no domínio científico da Educação Histórica, com destaque para a ideia de consciência histórica de alunos e de professores, tendo como referência a reflexão filosófica de Jörn Rüsen e de Peter Lee nesta área de conhecimento. O principal enfoque deste estudo é a articulação entre a evidência e a consciência históricas no que respeita a conceções de alunos e de professores, com especial atenção para o uso de fontes patrimoniais no ensino e aprendizagem de História, dada a sua relação com o processo de construção de significado acerca do passado. Isto implicou não só um enquadramento teórico ancorado na Epistemologia da História, sobre a conceptualização de património e de consciência histórica, e na investigação já existente em Educação Histórica – nomeadamente sobre evidência e outros conceitos de “segunda ordem” em torno da consciência histórica, como os de mudança, de empatia e de significância – assim como em práticas consistentes de Educação Patrimonial, particularmente as relacionadas com a exploração educativa de objetos museológicos. Requereu também uma fundamentação metodológica que permitiu o desenvolvimento sistemático da pesquisa. No cruzamento das diversas vertentes deste quadro conceptual, definiu-se o problema inicial deste estudo: De que forma alunos e professores de História interpretam a evidência de um sítio histórico? O estudo, que assumiu uma abordagem metodológica essencialmente qualitativa, fundada na Grounded Theory, procurou aprofundar, numa perspetiva transversal em termos de anos de escolaridade, a compreensão dos sentidos atribuídos por alunos e professores de História a fontes patrimoniais. Apresentando uma proposta relacionada com a Educação Histórica e Patrimonial, o estudo desenvolveu-se em três fases: exploratória, piloto (em quatro etapas) e principal. No estudo principal, participaram 87 alunos (40 de 7º ano e 47 de 10º ano a frequentar a disciplina de História A ou História da Cultura e das Artes) de 5 escolas da cidade de Guimarães, no norte de Portugal, e ainda 6 professores das 7 turmas participantes. Os instrumentos consistiram num ‘guião-questionário’ para os alunos – propondo um conjunto de tarefas escritas a realizar em vários pontos de paragem de um percurso, em situação de observação direta e de interpretação de um conjunto de fontes patrimoniais (objetos, edifícios, locais históricos) relacionadas com a Idade Média, mas tendo em conta a sua historicidade – e dois breves questionários para os professores (um prévio à atividade e outro posterior). Realizaram-se, ainda, entrevistas de seguimento a 33 alunos no sentido da clarificação de algumas respostas escritas. A análise de dados das respostas dos alunos e dos professores seguiu um processo de categorização progressivamente refinado no sentido de encontrar modelos de progressão conceptual relativos a alunos e perfis de professores sobre o uso de fontes patrimoniais e tipos de consciência histórica. O modelo conceptual de alunos emergiu em torno de dois construtos: “Uso da evidência”, organizado em quatro níveis conceptuais (ideia alternativa, inferência sobre detalhes concretos, inferência a partir do contexto, problematização), e “Consciência histórica”, organizado em cinco níveis (consciência a-histórica; consciência de um passado fixo; consciência de um passado simbólico; consciência histórica emergente; consciência histórica explícita). Quanto às conceções de professores, também emergiu um modelo conceptual em torno de dois construtos: “Uso de fontes patrimoniais” (com os padrões conceptuais: uso tácito, do contexto para a fonte, cruzamento de fontes em contexto, das fontes para o contexto) e “Finalidades de ensino e divulgação do património”, por sua vez organizado em três dimensões (Aprendizagem, Consciência Histórica e Consciência Patrimonial), cada uma delas envolvendo também padrões conceptuais específicos. Numa breve análise quantitativa, que complementou a anterior, no que respeita aos alunos, constatou-se a predominância dos níveis de “inferência a partir de detalhes concretos”, quanto ao uso da evidência, e de “consciência de um passado fixo”, em termos de consciência histórica. Relativamente aos professores constatou-se, quanto ao uso de fontes patrimoniais, uma predominância do padrão conceptual “cruzamento de fontes em contexto”; em termos de finalidades de ensino e divulgação do património, na dimensão Aprendizagem predominaram os padrões “consolidação do conhecimento” e “construção do conhecimento”, na dimensão Consciência Histórica destacou-se o padrão “conhecimento em contexto” e na dimensão Consciência Patrimonial, o padrão “sentido de identidade local”. A exploração educativa do património, de forma sistemática e fundamentada como a que se intentou neste estudo, poderá permitir o desenvolvimento de múltiplas competências pelas crianças e jovens, nomeadamente no âmbito da compreensão histórica, estimulando a capacidade de ‘ler’ objetos, edifícios e sítios históricos, em termos de educação formal e, mesmo, não formal. Este estudo pretende chamar a atenção para as implicações dessas atividades, sobretudo a importância de os alunos efetuarem inferências com maior complexidade. Para tal, é essencial que os professores tomem consciência da importância do uso da evidência de acordo com critérios metodológicos da História, em articulação com os currículos de História nomeadamente em termos de história local, com tarefas que desafiem as conceções prévias dos alunos e estimulem a interpretação histórica. Isto poderá também suscitar a compreensão dos laços entre a interpretação do património e a consciência das relações entre o passado, o presente e o futuro.
This piece of research sets within the history education scientific framework, with particular attention to the idea of historical consciousness that is being grounded on the philosophical reflection of Jörn Rüsen and Peter Lee in this area of knowledge. This study focuses the relationship between evidence and historical consciousness regarding students and teachers’ conceptions, particularly with reference to the use of heritage evidence in history teaching and learning given its connection to the process of making sense of the past. Those aims required a theoretical framework grounded in the epistemology of history, concerning notions of heritage and historical consciousness, and the existing research in history education – particularly on evidence and other 'second order' concepts related to historical consciousness such as change, empathy and significance – and consistent heritage education practices as well, specifically those related to education activities through museum objects. It also required a methodological groundwork to carry out a systematic research. Intersecting the diversity of this conceptual framework, the initial problem of this study was: How do history teachers and students interpret evidence of a historic site? Following a mainly qualitative approach based on the Grounded Theory, the study seeks to deepen, in a crossing view of schooling years, a systematic understanding of how students (from 3rd cycle of basic education to secondary education) and history teachers make sense of heritage evidence. Proposing an approach of history and heritage education, this study has been carried on in three phases: exploratory, pilot (with four stages) and main study. This last study involved a sample of 87 students (40 7th graders and 47 10th graders attending the subject of history or history of culture and arts) from 5 schools in the city of Guimarães, in northern Portugal, and 6 teachers of the 7 participating groups. The instruments were a ‘questionnaireguide' for students – proposing a set of written tasks to be held at specific staging points entailing direct observation and interpretation of heritage evidence (objects, buildings, historic sites) related to the Middle Ages, and also recognizing a wider historicity – and two short questionnaires for teachers (prior and post activity). Follow-up interviews were carried out with 33 students to clarify some of their written answers. The analysis of data followed an increasingly refined categorization process in order to find out a model of students’ conceptual progression and suggested teachers’ profiles concerning the use of evidence and types of historical consciousness. Students’ conceptual model was built on two constructs: "Use of evidence" organised in four conceptual levels (alternative idea; inference from existing details, inference from context, questioning), and "Historical consciousness” organised in five conceptual levels (a-historical consciousness, consciousness of a fixed past, consciousness of a symbolic past, emerging historical consciousness, explicit historical consciousness). With regard to teachers, a conceptual model has also emerged from two constructs: "Use of heritage evidence" (with the conceptual patterns: undefined, from context to evidence; connecting evidence in context; from evidence to context), and "Aims of teaching and making heritage accessible", at this turn organized in three dimensions (Learning, Historical Consciousness, and Heritage Awareness), each one of them with several conceptual patterns. A brief quantitative analysis, which complemented the previous one, showed the prevalence of students ideas of “inference from existing details”, concerning the use of evidence, and a level of “consciousness of a fixed past”. As to teachers, the predominant conceptual patterns were: “connecting evidence in context” related to the use of heritage evidence; “reinforcing knowledge” and “building up knowledge” as regard to learning; “understanding in context” in relation to historical consciousness; and a “sense of local identity” concerning Heritage Awareness. Approaching heritage education in a systematic and consistent process as intended in this study might improve multiple competences in youngsters, particularly in the context of historical understanding, fostering students’ ability to 'read' objects, buildings and historic sites both at formal and non-formal education. This study draws attention to the implications of these activities, especially for the strengthening of more and more complex inferences by students. To this goal, teachers must be aware of the importance of the use of evidence according to methodological criteria in history, articulating it with history curriculum particularly in terms of local history, providing tasks that can challenge students' preconceptions and encourage historical interpretation. This will raise understanding about links of heritage interpretation and awareness of past, present and future relationships.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Ciências da Educação (Especialização em Educação em História e Ciências Sociais)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/19745
101252927
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CIEd - Teses de Doutoramento em Educação / PhD Theses in Education

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