A educação do corpo sexuado: modificações ao longo do ciclo de vida

Abstract

A sexualidade, ainda que intrínseca ao ser humano, é sempre difícil de definir. Pela sua complexidade, é alvo dos mais variados entendimentos e enfoques. No entanto, os múltiplos estudos existentes permitem concluir que, apesar da crucial importância que representa para o indivíduo, ela é ainda muito permeada pelo desconhecimento, mitos e tabus. Como referem Vaz et al (1996) “a sexualidade humana é uma área de desenvolvimento humano e como tal implica aprendizagem” (p.15). Fomentar a informação do conhecimento do próprio corpo, assim como desconstruir esses mitos e tabus é não apenas uma obrigação que todos temos, mas um direito de todas as crianças. Na nossa sociedade, em que a informação (nem sempre correta) é muito diversa e acessível, as questões relacionadas com a sexualidade são amplamente veiculadas e discutidas. Apesar disso, como afirma Anastácio (2005) os pais e professores demonstram ainda insegurança para a sua abordagem. Tendo como meta o conhecimento do corpo sexuado e suas modificações ao longo do ciclo de vida, o presente trabalho, desenvolvido num jardim-de-infância e escola do 1.º ciclo do ensino básico do concelho de Braga, constitui um estudo de cariz qualitativo. Como instrumento de recolha de dados utilizaram-se as notas de campo e diário de aula, inquérito, transcrição de conversas, meios audiovisuais e representações gráficas. Os resultados indicam existir um razoável conhecimento externo do corpo e respetivas diferenças sexuais. A nível interno o desconhecimento é total. A identificação dos sentimentos encontra-se perfeitamente consolidada. No entanto, regista-se uma necessidade de desenvolver a empatia. Os estereótipos de género são ainda observados, tanto nas conceções do corpo como na escolha da profissão. Neste caso, a mesma raramente coincide com a dos pais.

Sexuality, although intrinsic to the human being, is always hard to define. Due to its complexity, it is subjected to the most varied understandings and approaches. However, the multiple existing studies let us conclude that, in spite of the crucial importance it represents for the individual, it is still very pervaded by ignorance, myths and taboos. As Vaz et al (1996) refer “human sexuality is an area of the human development and, as such, it implies learning” (p. 15). Promoting the information about the knowledge of the body, as well as deconstructing those myths and taboos is not only an obligation for all of us, but also a right of all children. In a society like ours, in which the information (not always accurate) is very diverse and accessible, issues related to sexuality are widely disseminated and debated. Nevertheless, as Anastácio (2005) points out, parents and teachers still show some uncertainty while approaching this matter. Having as a goal the knowledge of the sexed body and its changes during the first lifecycle, this work, accomplished in a kindergarten and a basic school (1st cycle of studies) in the area of Braga, is intended to be a qualitative study. Field notes and class diary, inquiries, talk transcriptions, audiovisual media and graphic representations were used as data research tools. The results point out that there is an acceptable external knowledge of the body and the corresponding sexual differences. At an internal level there is complete ignorance. The identification of feelings is fully consolidated. However, a need to develop empathy is evident. The gender stereotypes are still observed, both in the body conceptions and in the choice of professions. In this case, it is rarely the same as their parents’.