A adoção do vídeo pelas estações de rádio no online e o papel do som: o caso da Rádio Renascença

Abstract

Em plena era digital, a rádio viu-se obrigada a adaptar-se a novas circunstâncias e a transformar os desafios em oportunidades, em prol da sobrevivência. Perante um cenário que parecia catastrófico, soube reinventar-se e tirar partido das novas tecnologias, fazendo uso dos instrumentos que estas oferecem e apostando fortemente na produção de conteúdos multimédia, sendo o vídeo um dos mais populares. Diante desta transformação e adaptação ao mundo online, importa, pois, refletir acerca da essência do meio, o som, isto é, perceber até que ponto é que a adoção do vídeo pelas estações de rádio desbaratou o património de quase 100 anos do som. Para isso, selecionou-se a Rádio Renascença, como caso de estudo e, através da análise ao seu site e ao som dos dez vídeos mais vistos, no período em que o autor efetuou o seu estágio, bem como da realização de um grupo de foco e de uma entrevista à coordenadora digital da Rádio Renascença, este relatório procura: esclarecer qual o papel do som nos vídeos produzidos pela rádio, tentando compreender se este é deixado de parte ou se, pelo contrário, constitui um elemento distintivo; refletir acerca da linguagem da rádio e da linguagem do vídeo, tentando perceber o que há em comum e o que difere entre ambas; perceber se para as pessoas existem diferenças entre uma peça vídeo de um canal de televisão e outra de uma estação de rádio e se o som é elemento de distinção; compreender hábitos de visualização de vídeos e os motivos para tal e, ainda, o papel das redes sociais na promoção e visualização destes vídeos. Após o estudo, foi possível concluir que, de facto, existem diferenças entre vídeos produzidos por um canal de televisão e vídeos produzidos por uma estação de rádio e que, quando a Renascença aposta em vídeos exclusivos, nomeadamente em reportagens, o seu som é sim motivo de orgulho e distinção. Pelo contrário, nos vídeos mais triviais, e que são obtidos em formato bruto através de agências noticiosas, o som não só não é um elemento distintivo, como apresenta algumas deficiências. Concluiu-se, também, que as redes sociais desempenham um papel fulcral na visualização de vídeos e que a linguagem da rádio vai buscar muito mais elementos à linguagem do vídeo do que o contrário, tornando-se, sobretudo, uma linguagem multimédia.

In the midst of digital age, radio has been forced to adapt to new circumstances and turn challenges into opportunities for survival. Faced with a scenario that seemed catastrophic, it was able to reinvent itself and take advantage of new technologies, making use of the instruments they offer and betting heavily on the production of multimedia content, with video being one of the most popular. Faced with this transformation and adaptation to the online world, it is important to reflect on the essence of the medium, the sound, that is, to realize the extent to which the adoption of the video by radio stations disrupted the heritage of almost 100 years of sound. For this, Radio Renascença was selected as a case study and, through the analysis of its website and the sound of the ten most viewed videos, during the period in which I completed my internship, as well as the realization of a focus group and of an interview with Radio Renascença's digital coordinator, this report seeks to clarify the role of sound in the videos produced by the radio, trying to understand whether it is left out or if, on the contrary, it constitutes a distinctive element; reflect on the language of the radio and the language of the video, trying to perceive what’s common and what differs between the two; to understand if people perceives differences between a video piece of a television channel and another of a radio station and if the sound is an element of distinction; understand video viewing habits and the reasons for doing so, and the role played by social networks in the promotion and visualization of these videos. After the study, it was possible to conclude that, in fact, there are differences between videos produced by a television channel and videos produced by a radio station and that, when Renascença bets on exclusive videos, namely in reports, its sound is indeed something to be proud of and an element of distinction. On the contrary, in the most mundane videos, which are obtained in raw format through news agencies, sound not only is not a distinctive element, but it also has some deficiencies. It was also concluded that social networks play a central role in the visualization of videos and that the language of the radio will get many more elements to the language of the video than the opposite, becoming, above all, a multimedia language.