Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/5851

TítuloA educação em meio rural como paleta de possibilidades para o desenvolvimento local: contributos da escola do 1.º ciclo do ensino básico e do jardim de infância
Autor(es)Oliveira, Joaquim Marques de
Orientador(es)Sarmento, Manuel Jacinto
DataDez-2005
Resumo(s)A tese que se apresenta foi desenvolvida com base no pressuposto de que a educação pode contribuir para o desenvolvimento em meio rural, pois este, longe de se confinar a questões de ordem exclusivamente económicas, ainda que passe em grande medida por elas, coloca-se também e, inevitavelmente, no campo educativo. Este pressuposto, no entanto, não toma as relações entre educação e desenvolvimento numa perspectiva redutora de mais educação com vista a um maior desenvolvimento, mas na perspectiva da necessidade de mais educação em ordem a um maior desenvolvimento individual e colectivo globais, maior capacidade de exercício de cidadanias e, também, maior desenvolvimento económico. Colocados ao nível do meio rural português, os problemas do desenvolvimento assumem particular relevo num tempo fortemente marcado pela predominância de perspectivas políticas, económicas, sociais e culturais urbano-centradas, que têm vindo a acentuar os resultados negativos de décadas de esquecimento dos campos. Fruto de uma conjuntura política que direccionou esforços para a industrialização dos grandes centros urbanos do litoral, o rural agrícola português assistiu à sangria das suas comunidades e à sua consequente desestruturação, a uma ausência de investimentos profundos na sua reabilitação. No que ao nível formal da acção educativa diz respeito, o mundo rural foi perdendo, ano após ano, uma das marcas que asseguravam a possibilidade da sua existência - a Escola Primária - por diminuição abrupta ou total falta de crianças. A discussão em torno dos problemas relacionados com a possibilidade de encerramento de grande número de escolas situadas em meio rural é recente em Portugal e, por parte dos Ministérios da Educação sucessivos, a tónica é essencialmente colocada numa perspectiva economicista e sob a argumentação de que a existência de poucas crianças numa escola não é benéfica em termos da sua socialização, sucesso e desenvolvimento, por comparação com as crianças que frequentam escolas de maiores dimensões. Acresce que nesta argumentação se tenta isolar o problema das escolas rurais da problemática mais vasta que lhe está na origem e que afecta, no seu todo, o mundo rural. Sabendo-se da existência de um trabalho com escolas rurais que tem permitido evidenciar facetas várias do problema e contribuído para a construção de uma reflexividade que acentua as possibilidades de acção em meio rural, em ordem ao seu desenvolvimento - o Projecto “Escolas Rurais”, do ICE, Instituto das Comunidades Educativas -, tomou-se como objecto de investigação a acção de 15 Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e de 7 Jardins de Infância, em interacção com as comunidades que servem, na Região do Minho – concelhos de Amares, Ponte de Lima e Viana do Castelo –, nos anos lectivos de 2001-2002 e 2002-2003. Os objectivos da investigação direccionaram-se para os contributos da Educação para o Desenvolvimento Local em Meio Rural, a partir da acção interactiva de Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico e de Jardins de Infância com as comunidades em que estão integrados, bem como para os processos de construção de comunidades educativas em meio rural. Na prossecução destes objectivos, desenvolveu-se um projecto de investigação-acção, em que se procurou reunir todo o tipo de energias presentes no terreno com vista à construção de mais e novo conhecimento sobre a educação em meio rural, através de uma desocultação permanente de possibilidades de acção e de uma acção mais intencionalizada e indutora de mudanças, o que permitiu clarificar contornos associados a uma vivência de novas ruralidades, condições de emergência de desenvolvimento em meio rural e o papel dos diversos actores em presença: professores e educadoras como agentes de desenvolvimento local; crianças como sujeitos com vez e voz transformados em actores da sua própria socialização e actores da socialização de adultos; famílias como cidadãos mais interventivos.
La thèse présentée a été développée sur la présupposition que l’éducation peut contribuer au développement des milieux ruraux, étant donné que, loin de se confiner à des questions d’ordre exclusivement economiques, même si cette présupposition passe en grande mesure par elles, elle se pose aussi, inévitablement, dans le domaine éducatif. Cette présupposition, cependant, ne prend pas les rapports entre éducation et développement selon une perspective réductrice de plus d’éducation ayant en vue un plus grand développement, mais dans la perspective du besoin de plus d’éducation en ordre, d’un plus grand développement individuel et collectif globaux, d’une plus grande capacité d’exercice de citoyennetés et, aussi, d’un plus grand développement économique. Mis posés au niveau du milieu rural portugais, les problèmes du développement sont particulièrement pertinents à une époque fortement marquée par la prédominance de perspectives politiques, économiques, sociales et culturelles centrées sur l’urbain, qui accentuent les résultats négatifs de décades d’oubli des champs. Fruit d’une conjoncture politique qui a dirigé ses efforts vers l’industrialisation des grands centres urbains du littoral, le rural agricole portugais a assisté à la saignée de ses communautés et à sa conséquente déstructuration, à l’absence d’investissements profonds dans sa réhabilitation. En ce qui concerne le niveau formel de l’action éducative, le monde rural a petit à petit et tous les ans un peu plus, perdu une des marques qui assuraient la possibilité de son existence - l’École Primaire – à cause de la diminution abrupte ou du manque total d’enfants. La discussion autour des problèmes en rapport avec la possibilité de la fermeture d’un grand nombre d’écoles situées en milieu rural est récente au Portugal et, de la part des Ministères de l’Éducation successifs, la tonique est essentiellement posée selon une perspective d’économicité et selon l’argumentation que l’existence de peu d’enfants dans une école n’est pas bénéfique en ce qui concerne leur socialisation, leur succès et leur développement, s’ils sont comparés avec les enfants qui fréquentent des écoles plus grandes. Il faut ajouter que, dans cette argumentation, on essaie encore d’isoler le problème des écoles rurales de la problématique plus vaste qui lui est à l’origine et qui affecte, dans sa totalité, le monde rural. Connaisseurs de l’existence d’un travail effectué avec les écoles rurales qui a permis de mettre en évidence les différentes facettes du problème et qui a contribué à la construction d’une réflexivité qui accentue les possibilités d’action en milieu rural, en accord avec son développement – le Projet "Écoles Rurales", de l’ICE, Institut des Communautés Éducatives -, nous avons pris comme objet de recherche l’action de 15 écoles primaires et de 7 écoles maternelles, en interaction avec les communautés qu’elles desservent, dans la région du Minho - municipalités de Amares, de Ponte de Lima et de Viana do Castelo -, pendant les années scolaires 2001-2002 et 2002-2003. Les objectifs de la recherche se sont dirigés vers les contributions de l’Éducation pour le Développement Local en Milieu Rural, à partir de l’action interactive des écoles primaires et des écoles maternelles avec les communautés où elles s’intègrent, ainsi que pour les processus de construction de communautés éducatives en milieu rural. Poursuivant ces objectifs, nous avons développé un projet de recherche-action, dans lequel nous avons essayé de réunir tous les types d’énergies présentes sur le terrain, ayant en vue la construction de plus et de nouvelles connaissances sur l’éducation en milieu rural, à travers une mise à jour permanente de possibilités d’action et d’une action plus intentionnalisée et inductrice de changements. Tout ceci nous a permis de clarifier des contours associés à une expérience de vie de nouvelles ruralités, des conditions d’émergence de développement en milieu rural et le rôle des différents acteurs en présence: professeurs et maîtres/maîtresses d’écoles maternelles comme agents de développement local; enfants comme sujets avec le droit à leur tour et à faire entendre leur voix transformés en acteurs de leur propre socialisation et en acteurs de la socialisation d’adultes; familles comme citoyens plus intervenants.
This thesis was developed on the presupposed basis that education can contribute to rural development which does not border on questions exclusively related to economics. Although rural development is dependent in an important way on economic questions, it is also inevitably linked to the field of education. However, this presupposed idea does not assume the elationship between education and development in a limited perspective, in which more education corresponds to more development, but in the perspective of the necessity for more education in order to obtain a greater level of global, individual and collective development, citizenship and also economic development. In the Portuguese rural context, the problems of development assume particular importance in a time strongly marked by the predominance of political, economic, social and cultural urban-centred perspectives which have been accentuating the negative results of the decades during which agricultural fields were neglected. As a result of the political period which directed its efforts to the industrialization of great coastal urban centres, Portuguese agricultural areas were subjected do a depletion of their communities and the consequent break-down of their structures and a lack of investments in their rehabilitation. In relationship to the formal level of education, one of the most important structures which assured the existence of the rural world - the Primary School - was lost as a consequence of the absence of children. The discussion of the problems related to the possibility of closing down great numbers of schools in rural areas is recent in Portugal and, on the part of the successive Ministries of Education, the emphasis has been placed on economic perspectives, based on the arguments that the low number of children in schools is not beneficial in terms of socialization, success and development in comparison with children attending bigger schools. In addition, these arguments endeavour to separate the problem of rural schools from the more ample and complex problems which characterize the rural world. In Portugal, there exists a project of intervention in rural schools called the Rural School Project, led by the Institute of the Educational Communities, which has been showing various facets of the above mentioned problem and contributing to its reflection, demonstrating the possibilities of action in rural areas, in order to contribute to their development. In this way, the dynamics of 15 primary schools and 7 kindergartens, in interaction with their communities, in the region of Minho (municipalities of Amares, Ponte de Lima and Viana do Castelo), during the school years of 2001-2002 and 2002-2003, were constituted as the object of this research. The objectives of this investigation are directed towards the contributions of Education for Local Development in Rural Areas, by way of interactive action of the above mentioned schools and kindergartens within the communities in which they are integrated, together with the process of the building of educational communities in the rural context. In order to reach these objectives, an action-research project was developed in which all types of potentialities existing in the local field were taken advantage of with the aim to produce more and newer knowledge regarding education in rural areas. This project was carried out through a permanent process of giving visibility to the possibilities of a more intentional action able to induce changes in the rural world, permitting the clarification of an experience of new rural conceptions and ways of living. These are considered the conditions for the emergence of development in rural areas, emphasising the roles of the various actors, such as teachers and educators as agents of local development; children as subjects with clear voices, assuming their own socialization and contributing to the socialization of adults; and families as more participative citizens.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em estudos da criança, área da sociologia da infância
URIhttps://hdl.handle.net/1822/5851
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento

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