‘Não tem preço, mas tem valor!’ - A congruência de valores e o comportamento emocionalmente inteligente no contexto de trabalho

Abstract

A importância da Inteligência Emocional dos indivíduos na sua esfera profissional tem ganho solidez ao longo dos últimos anos. Em especial, o impacto dos comportamentos emocionalmente inteligentes num conjunto de atitudes e resultados tem posicionado a Inteligência Emocional como uma variável de relevo no seio da Gestão de Recursos Humanos e do Comportamento Organizacional. Embora muito se saiba sobre os consequentes da Inteligência Emocional, pouca atenção tem sido dada ao que determina a Inteligência Emocional do indivíduo. Este estudo procurou conhecer as relações que se estabelecem entre a Congruência de Valores e as seis dimensões de Inteligência Emocional propostas por Rego e Fernandes (2005): Empatia; Autocontrolo emocional; Autocontrolo perante as críticas; Autoencorajamento; Compreensão das emoções próprias; e, Compreensão das emoções dos outros. Em concreto, pretendeu-se conhecer o impacto da Congruência de Valores e das variáveis sociodemográficas e profissionais como variáveis antecedentes das seis dimensões de Inteligência Emocional. Para tanto, foi aplicado um inquérito por questionário a uma amostra de 474 colaboradores de entidades públicas e/ou privadas da zona Norte de Portugal. Os resultados mostram a influência da Congruência de Valores na habilidade do indivíduo para reconhecer emoções positivas e negativas em si e nos outros, para regular as suas emoções e impulsos e para se automotivar diante das adversidades. As variâncias explicadas são baixas, embora significativas, sugerindo a pertinência de considerar a Congruência de Valores como um antecedente dos comportamentos emocionalmente inteligentes dos indivíduos no contexto laboral. Também foi evidenciada a influência de variáveis sociodemográficas e profissionais, sobretudo o sexo e as habilitações académicas, na relação entre Congruência de Valores e as seis dimensões de Inteligência Emocional avaliadas. A timidez da relação entre a Congruência de Valores e as seis dimensões de Inteligência Emocional encontrada nesta pesquisa sugere a necessidade de investigação futura onde possam ser experimentadas outras estratégias e/ou instrumentos de recolha de dados e, também, integradas variáveis de natureza cultural e psicológica.

The importance of individuals’ Emotional Intelligence in their professional sphere has gained strength over the last few years. In particular, the impact of emotionally intelligent behaviors on a set of attitudes and results has positioned Emotional Intelligence as a relevant variable within the Human Resources Management and Organizational Behavior field. Although much is known about the consequences of Emotional Intelligence, little attention has been given to what determines the Emotional Intelligence of the individual. This study sought to find the relationships between Value Congruence and the six dimensions of Emotional Intelligence proposed by Rego and Fernandes (2005): Empathy, Emotional Self- Control, Self-Control in Criticism, Self-Encouragement, Understanding of Emotions in Self and Understanding of Emotions in Others. In particular, it was intended to know the impact of value congruence and sociodemographic and professional variables as antecedent variables of the six dimensions of Emotional Intelligence. For this purpose, a questionnaire was applied to a sample of 474 employees of public and/or private companies in the northern part of Portugal. The results show the influence of value congruence on the individual's ability to recognize positive and negative emotions in themselves and in others to regulate their emotions and impulses and to self-motivate in the face of adversity. The variances explained are low, although significant, suggesting the pertinence of considering the value congruence as a antecedent of the emotionally intelligent behaviors of the individuals in the labor context. It was also evidenced the influence of socio-demographic and professional variables, especially gender and academic qualifications, in the relation between value congruence and the six dimensions of Emotional Intelligence evaluated. The weakness of the relationship between Value Congruence and the six dimensions of Emotional Intelligence found in this research, suggests: the need for future research where other strategies and/or data collection instruments can be applied; and, the integration of cultural and psychological variables in the analysis.