Quando o amor se transforma em hostilidade: fatores associados ao conflito coparental pósdivórcio

Abstract

O fim da relação conjugal não significa o fim da relação coparental. A coparentalidade, enquanto exercício conjunto das responsabilidades parentais, assume-se como uma das tarefas mais exigentes do pós-divórcio, especialmente quando pautada por um conflito intenso e reiterado. O objetivo deste estudo é identificar que características individuais, relacionais e familiares estão relacionadas com o conflito coparental pós-divórcio e a sua intensificação. Realizado online e de design transversal, contou com 196 participantes, 127 mães e 69 pais, com uma idade média de 42 anos. Destes, 133 reportaram estar em conflito. Realizadas comparações entre os grupos com e sem conflito, percebemos que estes diferem principalmente no ajustamento ao divórcio, estilo da relação coparental e modo de separação. Paralelamente, os principais preditores de maior nível de conflito coparental pós-divórcio, incluindo a sua judicialização, são o papel parental de pai, pior ajustamento ao divórcio, estilos de relação coparental conflituoso e desinvestido e modo de separação sem consentimento mútuo. Assim, concluímos que são as características individuais e relacionais que têm mais peso para o nível de conflito relatado. Numa área de conhecimento tão lacunar, são discutidas as importantes implicações práticas deste estudo, bem como sugeridas futuras linhas de investigação.

The end of the marital relationship does not mean the end of the coparental relationship. As a joint exercise of parental responsibilities, coparenthood is one of the most demanding tasks of postdivorce, especially when marked by intense and repeated conflict. The aim of this study is to identify which individual, relational and family characteristics are related with post-divorce coparental conflict and its intensification. Conducted online and with a cross-sectional design, it had 196 participants, 127 mothers and 69 fathers, with an average age of 42 years. Of these, 133 reported being in conflict. Comparisons between groups with and without conflict were made, concluding that they differed mainly in the adjustment to divorce, style of coparental relationship and separation mode. Furthermore, the main predictors of the highest level of post-divorce coparental conflict, including their judicialisation, are the father parental role, a worse adjustment to divorce, conflicting and disinvested coparental relationship styles, and separation without mutual consent. Thus, we conclude that it’s the individual and relational characteristics that carry most weight for the reported level of conflict. In such a scarse area of knowledge, the important practical implications of this study are discussed, as well as future lines of research suggested.