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https://hdl.handle.net/1822/7709
Título: | O desenvolvimento de carreira dos académicos : uma análise centrada na relação entre o trabalho e a família |
Autor(es): | Santos, Gina Maria Gaio dos |
Orientador(es): | Cardoso, Carlos José Cabral |
Palavras-chave: | Relação entre o trabalho e a família Carreiras Académicos Género Work-family relationship Careers Academics Gender |
Data: | 13-Fev-2008 |
Resumo(s): | Os modelos tradicionais de carreira têm ignorado, sistematicamente, a importância da
relação entre o trabalho e a família. Porém, estes modelos, centrados no conceito de
estádios de carreira, têm vindo a ser questionados dadas as suas óbvias limitações: uma
excessiva focalização nas experiências profissionais masculinas e o ignorar da importância
da vida familiar e pessoal dos indivíduos. Com esta investigação, defende-se a necessidade
de incorporar na análise das carreiras as experiências de trabalho femininas e masculinas, e
de conferir ao conceito de carreira uma definição mais alargada, susceptível de levar em
consideração a vida familiar dos indivíduos.
Este estudo tem por objectivo compreender a influência da relação entre o trabalho e a
família no desenvolvimento de carreira individual. Para tal, escolheu-se como objecto de
análise, uma população de académicos, pertencentes a cinco universidades públicas
portuguesas. O estudo empírico baseou-se na recolha qualitativa de informação, tendo sido
realizadas 87 entrevistas semi-estruturadas a académicos, de ambos os sexos, de várias
faixas etárias, com o predomínio, em termos de estrutura familiar, dos académicos casados
com filhos.
O tratamento dos dados obtidos com as entrevistas consiste numa análise de conteúdo de
tipo temático, de cujos resultados foi possível extrair as seguintes conclusões: (1) A
motivação e a identidade profissional dos académicos entrevistados estão alicerçadas num
conjunto de valores de trabalho que, por seu lado, influenciam as suas atitudes face à
interface entre o trabalho e a família. O sentido de utilidade que retiram do trabalho e o
prazer associado às actividades de investigação e docência constituem motivações
intrínsecas muito importantes para os académicos; (2) O conceito de estádios de carreira,
mas, sobretudo, o ciclo de vida familiar e as experiências da parentalidade e da
conjugalidade são dimensões fulcrais, que devem ser consideradas no delinear do
desenvolvimento de carreira dos académicos. Os académicos apresentam dois discursos
distintos no que respeita ao seu envolvimento na carreira profissional e na família: o
discurso da complementaridade e o da subalternização de papéis. O discurso predominante
é o da complementaridade entre os papéis familiares e profissionais e da elevada saliência que quer o trabalho académico, quer a vida familiar e pessoal, apresentam para a sua
identidade. (3) A utilidade da perspectiva de género para compreender as diferenças que
persistem entre homens e mulheres em termos dos papéis parental e conjugal, e a forma
diferenciada como essas experiências familiares influenciam o seu desenvolvimento de
carreira. Neste âmbito, a parentalidade continua a marcar a grande diferença: as mulheres
assumem, invariavelmente, o cuidar dos filhos como algo normativo, que decorre da sua
condição feminina, o que coloca mais constrangimentos ao seu desenvolvimento de
carreira, comparativamente aos homens. Como tal, os ideais de igualdade de género na
esfera pública do trabalho não têm sido transferidos para a esfera familiar, produzindo-se,
deste modo, uma descoincidência entre igualdade privada e igualdade profissional,
bastante visível na “dupla jornada” de trabalho das mulheres académicas; (4) A
centralidade de um conjunto de estratégias de conciliação entre o trabalho e a família, que
são utilizadas pela generalidade dos académicos entrevistados, de que se destacam as
figuras da empregada doméstica e da família alargada, nomeadamente o apoio dos avós
nos cuidados aos filhos.
Este estudo produz, assim, uma contribuição importante para o estudo das carreiras ao
evidenciar a importância da adopção de modelos de carreira pluralistas e multiformes, que
abandonem o carácter homogéneo e universalista que os tem caracterizado. Ele também
contraria a tradicional oposição existente na literatura entre as dimensões objectiva e
subjectiva de carreira, ao propor uma interpretação mais inclusiva do conceito de carreira –
um conceito integrativo da relação entre o trabalho e a família.
A concepção de futuros modelos de carreira não pode deixar de levar em consideração a
vida familiar dos indivíduos e as diferenças de género, apontando para uma visão cada vez
mais personalizada e menos estandardizada das carreiras. Traditional career stage models have systematically neglected the work-family relationship and were mainly focused on male work experiences. A more comprehensive career theory that includes not only work but also family experiences, from both men and women is long overdue. The main purpose of the study is to understand the influence played by the work-family relationship in individuals’ career development, for which a qualitative study was designed with a population of academics from five public Portuguese universities. Information was gathered using in-depth interviews conducted with 87 Portuguese academics of both genders, belonging to different age cohorts, and with a predominance of married individuals with children. Data obtained through the interviews was submitted to thematic content analyses. The main conclusions drawn from the findings were: (1) Academics motivation and professional identity is based on work values that influence their work-family attitudes. Intrinsic motivation is mainly linked to the sense of usefulness of their work and the pleasure obtained from research and teaching activities; (2) Career stages and the family life cycle and more specifically parenthood and conjugality are extremely significant for career development theory. Academics seem to adopt two different discourses concerning career and family involvement, according to the nature of the relationship between the two roles: complementary or subordinate. The complementary view appears to be dominant, thus underlining the centrality of both dimensions to the individuals’ identity. The nature of the work-family relationship varies according to the individuals’ family life cycle and career stage, along a continuum of role segmentation or integration; (3) The relevance of the gender perspective to understanding the persistent inequalities between men and women academics. Parenthood makes the most significant difference: women still assume, invariably, the primary responsibility for childcare, which constrains their career development in ways that do not affect their male counterparts. Gender equality ideals in the public realm do not spill over into the family. The mismatch between private and public gender equality is illustrated by the “double work journey” carried out by women academics in the study; (3) the dissemination amongst academics of work-family conciliation strategies, namely the purchase of housekeeping services and grandparents support in childcare. The study makes an important contribution to career literature by questioning the traditional divide between objective and subjective career dimensions. We need to adopt a more inclusive definition of career, integrative of the work family-relationship. The notion of an orderly career is no longer feasible, since career building and family building occur simultaneously, even though they are often considered separately. Thus, we need to consider pluralistic career models that accommodate a range of different alternatives for both men and women. In sum, academic organizations should consider the design of more personalized and less standardized career models in the near future. |
Tipo: | Tese de doutoramento |
Descrição: | Tese de Doutoramento na área de Ciências Empresariais - Ramo de Organização e Políticas Empresariais |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/7709 |
Acesso: | Acesso restrito UMinho |
Aparece nas coleções: | EEG - Teses de Doutoramento |
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