As tecnologias de hiperconexão e os usos do tempo no quotidiano dos jovens: um estudo com estudantes universitários

Abstract

Este estudo tem como objetivo principal identificar e compreender como a utilização contínua de tecnologias de hiperconexão, nomeadamente os dispositivos de comunicação (telemóvel, computador, tablet entre outros), molda a experiência do tempo dos estudantes universitários, contribuindo para reconfigurar as suas vivências diárias e as perceções de tempo, condicionando, igualmente, as suas autoperceções identitárias enquanto alunos. Para tal, o estudo parte do debate centrado em três eixos que se interconectam: a) as tecnologias de hiperconexão como centrais nos seus quotidianos, b) as construções identitárias dos jovens-adultos c) os modos de experienciar as durações temporais. O desenho de investigação assenta na Abordagem Mista de Conversão, constituindo-se como uma metodologia mista. Numa primeira fase é adotada uma abordagem qualitativa, através da realização de entrevistas com 33 estudantes dos ciclos de licenciatura e mestrado integrado da Universidade do Minho e da Universidade de Aveiro, de diferentes idades e áreas de estudo. Numa segunda fase, de abordagem quantitativa, foi aplicado um questionário a 732 alunos de licenciatura, mestrado e mestrado integrado de ambas as universidades. Os resultados demonstram que o modo de experienciar e gerir os tempos quotidianos tem influência direta nas práticas de tecnologias digitais de hiperconexão. Por sua vez, constatou-se por meio da análise da amostra entrevistada e inquirida, que o género, o escalão etário e a atividade ocupacional constituem variáveis diferenciadoras quanto às formas de administrar, gerir e percecionar o tempo. Conclui-se que os usos das tecnologias digitais de hiperconexão têm relação estreita com os modos como os estudantes compreendem as suas próprias identidades. Nesse sentido, identifica-se que o papel das tecnologias na vida dos estudantes condiciona diretamente as identidades universitárias, a perceção do tempo e as formas de relacionamento pessoais e institucionais.

The main goal of this study is to identify and understand how the continuous use of hyperconnection technologies - namely communication devices (mobile phones, computers, tablets, etc.)- shapes university students' experience of time, how this contributes to reconfiguring their daily lives and perceptions of time; and conditioning their self-identity perceptions as students. To this end, the study starts from the debate centered on three interconnected axes: a) the technologies of hyperconnection as central to students' daily lives, b) the identity constructions of young adults, and c) the ways of experiencing temporal frames. The research design is based on the Mixed Conversion Approach, forming a mixed methodology. In the first phase, a qualitative approach is adopted, through interviews with 33 graduation and master's students of the University of Minho and the University of Aveiro, of different ages and areas of study. In a second phase, with a quantitative approach, a questionnaire was applied to 732 graduation and master's students from both universities. The results show that the way of experiencing and managing daily time directly influences the practices of digital hyperconnection technologies. In turn, through the analysis of the interview and survey sample, it was found that gender, age, and occupational activity are differentiating variables in experiencing, managing, and perceiving time. The research concludes that the uses of digital technologies of hyperconnection are closely related to how students understand their identities. In this sense, the role of technology in students' lives directly conditions university identities, the perception of time, and the forms of personal and institutional relationships.