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https://hdl.handle.net/1822/83576
Título: | A sintaxe das orações relativas em Cinyanja |
Outro(s) título(s): | The syntax of relative clauses in Cinyanja |
Autor(es): | Biriate, Mário |
Orientador(es): | Barbosa, Pilar |
Palavras-chave: | Cinyanja Relativização Sintaxe Relativization Syntax |
Data: | 26-Jan-2023 |
Resumo(s): | A presente pesquisa enquadra-se no âmbito da gramática generativa e tem como objeto de estudo a sintaxe
das orações relativas em Cinyanja, uma língua do grupo Bantu falada em Moçambique. O estudo assenta
nos pressupostos teóricos da teoria de Princípios e Parâmetros (Chomsky; 1981, 1986a, 1986b, 1995).
Discutem-se os diferentes modelos de análise da relativização no âmbito desta teoria: o modelo do núcleo
externo (Chomsky, 1977), o modelo de elevação do núcleo (Kayne, 1994) e o modelo Matching (Sauerland,
1998, 2003). Com base na descrição desses modelos, as suas vantagens e limitações, adota-se o modelo
clássico, segundo o qual a relativização encerra um processo de adjunção a um núcleo nominal externo.
Partindo do princípio de que existem universais linguísticos no domínio empírico particular das orações
relativas, descrevem-se as estratégias de relativização do Cinyanja integrando-as no quadro mais geral das
estratégias de relativização das línguas Bantu. Em Cinyanja, as orações relativas podem ser formadas através
de recursos segmentais (o marcador –mene e o sufixo relativo –o, colocado à direita da última palavra da
oração) ou simplesmente com recurso ao tom alto (com ou sem o sufixo relativo -o). Nas relativas de -mene,
a ordem de palavras na oração relativa é REL (S) V; nas relativas tonais, o sujeito aparece obrigatoriamente
em posição pós-verbal. De um modo geral, as orações relativas apresentam marcas de concordância tanto
com o sujeito lógico como com o antecedente. Propõe-se que as orações relativas segmentais sejam
analisadas como estruturas em que o marcador relativo –mene (aqui considerado um pronome relativo) é
movido da sua posição de base para Spec-CP. Deste movimento resulta a ordem Rel (S) V. Adotando uma
proposta original de Zeller (2004), sugere-se que o morfema -o é um sufixo de concordância relativa que
marca a concordância de CP com o núcleo nominal, colocando-se numa posição de adjunção à direita de
CP. As relativas não segmentais são analisadas como estruturas em que C+wh tem um estatuto idêntico ao
dos marcadores relativos clíticos que aparecem incorporados na estrutura do complexo verbal em outras
línguas Bantu (Demuth e Harford,1999; Zeller, 2004), que tipicamente desencadeiam a inversão do sujeito.
Como o marcador relativo é um elemento sem matriz fonológica, comporta-se como uma forma clítica e deve
afixar-se a T. O processo de afixação de C a T, porém, não se dá mediante a subida do verbo de T para C
(contra Demuth e Harford, 1999) visto que a ordem de palavras VSO não é admitida neste tipo de oração
relativa (a menos que a marca de objeto esteja presente). Assumindo o modelo da Morfologia Distribuída
(Halle e Marantz, 1993), defende-se que a afixação de C a T se dá no nível pós-sintático da gramática, sob
adjacência. O sujeito permanece in situ, em Spec-VP, obtendo-se os mesmos padrões de ordem de palavras
das frases simples com sujeito em posição pós-verbal, nomeadamente VOS ou, na presença da marca de
concordância com o objeto, VSO. The object of the present research is the syntax of relative clauses in Cinyanja, a language of the Bantu group spoken in the Tete province of Mozambique. The study is based on the theoretical assumptions of the theory of Principles and Parameters (Chomsky; 1981, 1986a, 1986b, 1995). The different analyses of relativization under this theory are discussed: the adjunction analysis (Chomsky 1977), the head raising analysis (Kayne, 1994), and the matching analysis (Sauerland, 1998, 2003). Based on the description of these models, their advantages and limitations, we adopt the classical model, according to which relativization involves adjunction to an external head. Assuming that linguistic universals exist in the particular empirical domain of relative clauses, we describe Cinyanja relativization strategies by integrating them in the broader typological patterns of relativization in Bantu. In Cinyanja, relative clauses can be formed using segmental resources (the -mene marker and the relative suffix -o, placed to the right of the last word of the clause) or simply using high tone (with or without the presense of the relative suffix -o). In -mene relative clauses, word order in the relative clause is Rel (S) V; in tonal relative clauses, the SUJect must appear in postverbal position. In general, relative clauses show agreement with both the logical SUJect and the antecedent. We analyse segmental relative clauses as structures in which the relative marker -mene (here considered a relative pronoun) is moved from its base position to Spec-CP. This movement derives the order Rel (S) V. Adopting an original proposal by Zeller (2004), it is suggested that the morpheme -o marks agreement between CP and the head of the relative, being suffixed to the right of CP. Tonal relative clauses are analyzed as structures in which C+wh has a status identical to that of the clitic relative markers that appear incorporated in the verbal complex in other Bantu languages (Demuth and Harford,1999; Zeller, 2004), which typically trigger SUJect inversion. Since C lacks a phonological matrix, it is clitic-like, and must be affixed on to T. The process of affixation of C to T, however, does not take place by raising T to C (contra Demuth and Harford, 1999) since VSO word order is not admitted in this type of relative clause (unless an object marker is present). Assuming the model of Distributed Morphology (Halle and Marantz, 1993), it is argued that affixation of C to T takes place in the post-syntactic level of the grammar, under adjacency. This is why a SUJect may not intervene between C and T. The SUJect remains in situ, in Spec-VP, thus deriving the same word order patterns that are found in simple sentences with a SUJect in post-verbal position, namely VOS or, in the presence of an object marker, VSO. |
Tipo: | Tese de doutoramento |
Descrição: | Tese de doutoramento em Ciências da Linguagem (especialidade de Linguística Geral) |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/83576 |
Acesso: | Acesso aberto |
Aparece nas coleções: | ELACH - Teses de doutoramento |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
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