O auxílio das Misericórdias e dos seus hospitais aos peregrinos e viajantes (séculos XVII e XVIII)

Abstract

Os últimos anos do século XV, em Portugal, ficaram marcados pela criação da primeira Misericórdia do reino, a Santa Casa de Lisboa. De forma rápida e contínua, assistiu-se à propagação das suas congéneres, por todo o território continental, ilhas e colónias. Criou-se, desta forma, uma extensa rede composta por Misericórdias e seus hospitais, onde as elites tinham um local de destaque e a população mais desfavorecida conseguia aplacar algumas das suas carências (Sá, 2002: 19-45; Sá, 2004: 7-21; Araújo, 2007: 2-19; Sá e Lopes 2008: 24-48). As Misericórdias transformaram os espaços onde se localizavam, quer pela monumentalidade dos edifícios que construíram, como igrejas e hospitais, quer pela intensa prática de caridade junto dos mais desfavorecidos. Estas irmandades tornaram-se polos de atração para a população local e estrangeira e situavam-se, quase sempre, em locais centrais, como as principais praças das vilas e cidades. Do seu auxílio dependiam os pobres, doentes, peregrinos e viajantes. Estes batiam às portas da confraria em busca de uma esmola ou de um local para repousar e tratar as suas doenças.