Caraterísticas do trabalho, trabalho-família, gestão de carreira e bem-estar em docentes universitários

Abstract

O trabalho docente universitário implica exigências quantitativas e autonomia para os docentes. Estas caraterísticas do trabalho podem causar um conflito trabalho-família, bem como um aumento dos níveis de stress, levando a uma diminuição da satisfação profissional, da saúde e bem-estar. Contudo, os comportamentos de gestão pessoal de carreira podem atuar como mediadores na relação entre estas variáveis. A presente investigação tem como objetivo geral, contribuir para a compreensão do papel dos comportamentos de gestão pessoal da carreira no modo como os docentes universitários lidam com o conflito trabalho-família e bem-estar inerentes ao desempenho da sua profissão e emprego. Participaram 653 docentes do ensino superior, sendo 356 mulheres (54,5%) e 297 homens (45,5%), na faixa etária predominante dos 45 e os 54 anos, a desempenhar funções em instituições de ensino superior universitário em Portugal. Estes responderam a um questionário de dados sociodemográficos, ao questionário do conteúdo do trabalho, ao questionário sobre estratégias de carreira, e às subescalas de satisfação laboral, conflito trabalho-família, e saúde e bem-estar da versão longa do questionário psicossocial de Copenhaga II e ao questionário sobre efeitos do contexto pandémico. Os dados recolhidos foram analisados através da análise de caminhos, onde foi possível testar o ajustamento dos modelos estruturais, com base nas exigências quantitativas e na autonomia da carreira de docente universitária. Ao analisar as caraterísticas do trabalho docente universitário, podemos concluir que o modelo de exigências quantitativas produz resultados favoráveis para a saúde e o bem-estar. No entanto, afeta negativamente a satisfação profissional, o que prejudica o equilíbrio entre o trabalho e a família. Por outro lado, a autonomia dos docentes universitários tem um impacto positivo na satisfação profissional e na saúde e bem-estar, e negativo no conflito trabalho-família. A criação de oportunidades serve como mediador entre a autonomia a manutenção da saúde e bem-estar, e minimiza potenciais conflitos trabalho-família. Verifica-se, em ambos os modelos, um impacto negativo do conflito trabalho-família na saúde e bem-estar dos docentes. Para abordar estas questões de forma eficaz, são necessárias intervenções como trabalho flexível e programas de desenvolvimento de competências de gestão pessoal de carreira dos docentes.

University teaching implies quantitative requirements and autonomy for teachers. These work characteristics can cause a work-family conflict, as well as an increase in stress levels, leading to a decrease in professional satisfaction, health, and well-being. However, personal career management behaviors can act as mediators in the relationship between these variables. The general objective of this research is to contribute to understand of the role of personal career management behaviors in the way university professors deal with work-family conflict and well-being inherent to the performance of their profession and employment. 653 higher education teachers participated, 356 women (54.5%) and 297 men (45.5%), in the predominant age group of 45 and 54 years, performing functions in higher university education institutions in Portugal. They answered a sociodemographic questionnaire, the job content questionnaire, the questionnaire on career strategies, and the subscales of job satisfaction, work-family conflict, and health and well-being from the long version of the Copenhagen II psychosocial questionnaire and the questionnaire on the effects of the pandemic context. The collected data was analyzed through path analysis, where it was possible to test the adjustment of structural models, based on the quantitative requirements and the autonomy of a university teaching career. By analyzing the characteristics of university teaching work, we can conclude that the model of quantitative requirements produces favorable results for health and well-being. However, it negatively affects job satisfaction, which impairs the balance between work and family. On the other hand, the autonomy of university professors has a positive impact on professional satisfaction and on health and well-being, and a negative impact on work-family conflict. The creation of opportunities mediates between autonomy and the maintenance of health and well-being and minimizes potential work-family conflicts. Both models have a negative impact of the work-family conflict on the health and well-being of teachers. To address these issues effectively, interventions such as flexible working and programs for the development of personal career management skills for teachers are needed.