A Casa do Povo de Rio Covo: recuperar para uma nova centralidade comunitária

Abstract

Desenhadas e concebidas pelo Estado Novo, as Casas do Povo correspondem a um projeto corporativista que materializa uma conceção ideológica da sociedade. Muitos dizem que estas organizações são o início do corporativismo em Portugal. Após o 25 de Abril, foi publicada legislação que previa o seu fim. No entanto, várias ainda hoje se encontram ativas, enquanto outras foram desativadas, estando o seu património abandonado. Reabilitar estes espaços torna-se fundamental, sobretudo porque pertencem à memória coletiva dos habitantes destes núcleos. É fundamental perceber o contexto histórico e o enquadramento atual deste espaço, para nele encontrar todas as potencialidades que pode oferecer. O património a reabilitar deverá ser colocado ao serviço das comunidades, respondendo às necessidades e carências dos tempos modernos. A análise destas e outras questões é essencial para que o processo de reabilitação ou reafectação do património seja reconhecido e valorizado, proporcionando uma nova função para este espaço na comunidade. Considero pertinente recentrar a atenção neste tipo de edifícios que se encontram em estado de degradação acentuada que impede a sua utilização. São espaços com história e moribundos à espera de uma nova vida. Aqui, apresento os resultados de uma investigação que procura devolver a identidade e o uso a um destes edifícios, requalificando o património edificado e em significativo estado de degradação. Para tal, o objeto de estudo apresentado é a Casa do Povo de Rio Covo Santa Eugénia, no concelho de Barcelos. Esta foi em tempos um centro de serviços, atividades culturais, sociais e de encontro e convívio da população local. Permanece como uma referência no imaginário coletivo, o que torna mais premente a oportunidade da sua reabilitação e afetação a diferentes serviços de apoio social ou de dinamização cultural.

Designed and conceived by the Estado Novo, the Houses of People (Casas do Povo) correspond to a corporatist project that materializes an ideological conception of society. Many say that these organizations were the beginning of corporatism in Portugal. After April 25, legislation was published to put an end to them. However, several are still active today, while others have been deactivated and their assets abandoned. Rehabilitating these spaces is essential, especially as they belong to the collective memory of the inhabitants of these villages. It is essential to understand the historical context and the current framework of this space, in order to find all the potential, it can offer. The heritage to be rehabilitated must be placed at the service of communities, responding to the needs and shortcomings of modern times. The analysis of these and other issues is essential if the process of rehabilitating or reallocating heritage is to be recognized and valued, providing a new function for this space in the community. I believe it is pertinent to refocus attention on this type of building, which is in a state of serious disrepair that prevents it from being used. These are spaces with history that are dying and waiting for a new lease of life. Here, I present the results of an investigation that seeks to restore identity and use to one of these buildings, requalifying built heritage in a significant state of disrepair. The object of study is the “Casa do Povo de Rio Covo Santa Eugénia”, in the municipality of Barcelos. This was once a center for services, cultural and social activities and for the local population to meet and socialize. It remains a reference point in the collective imagination, which makes it even more urgent to rehabilitate it and use it for different social support services or cultural activities.