Romantismo e realismo: a construção de evidência histórica por estudantes do 11º ano de História da Cultura e das Artes

Abstract

A História, por ser tudo o que é afirmado acerca do passado, realidade que ocorreu e não existe mais, torna-se uma ciência genuinamente diversa e multiperspetivada (Gago, 2020). No entanto, a mesma só é experienciada quando trabalha com o conceito metahistórico de Evidência Histórica e, desse modo, questiona os vestígios que são deixados pelo passado e, com base nesse questionamento, suporta afirmações, teorias e gera hipóteses. O trabalho com o conceito metahistórico de Evidência Histórica é usual nos historiadores, tendo sido, gradativamente, praticado pelos estudantes em sala de aula, visto que professores e investigadores como Barca e Gago (2000) e Chapman (2021b) refutam a premissa de que os estudantes são como uma tábua rasa, compreendendo que os mesmos apresentam um conjunto de ideias sobre si e o mundo que os rodeia que não devem ser guardadas e trancadas à chave, mas sim orientadas e trabalhadas através da análise, interpretação e questionamento dos fragmentos do passado. O presente estudo encontra-se em linha com os pressupostos da Educação Histórica, aplicado segundo as bases do paradigma educativo da Aula-Oficina – levantamento de ideias prévias, construção do pensamento histórico dos estudantes e metacognição – atendendo às propostas inspiradoras de categorização da Grounded Theory, tendo como principal objetivo compreender, de que modo, 30 estudantes do 11º ano de escolaridade do curso regular de Artes Visuais, com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos, constroem Evidência Histórica e desenvolvem as suas ideias acerca deste conceito metahistórico com base em fontes de diverso suporte em torno da realidade artística do Romantismo e Realismo, integrando-se no “Módulo 8: A Cultura da Gare – A velocidade impõe-se” (Ministério da Educação, 2022, p. 8). Se, inicialmente, os estudantes consideravam as fontes como meros espelhos para o passado providas de informações consideradas como certas ou erradas, com o desenvolvimento da lecionação da Intervenção Pedagógica Supervisionada, constata-se que as ideias dos estudantes progrediram, visto que procuraram questionar, analisar e interpretar as fontes, assim como cruzar as suas diferentes mensagens.

History, because it is everything that is stated about the past, a reality which occurred and no longer exists, becomes a genuinely diverse and multiperspectival science (Gago, 2020). However, it is only experienced when it works with the metahistorical concept of Historical Evidence and, in this way, questions the traces left by the past and, based on that questioning, supports statements, theories and generates hypotheses. Working with the metahistorical concept of Historical Evidence is commonplace among historians, having gradually been practised by students in the classroom, due to the fact that professors and researchers such as Barca and Gago (2000) and Chapman (2021b) refute the premise that students are like a clean slate, understanding that they exhibit a set of ideas about themselves and the surrounding world which should not be kept and locked away, but instead oriented and worked on through the analysis, interpretation and questioning of traces of the past. The present study is in line with the principles of History Education, applied according to the bases of the educational paradigm of the Classroom-Workshop – collection of previous ideas, construction of the students’ historical thinking and metacognition – fulfilling the Grounded Theory’s categorisation proposals, with the main goal of understanding how 30 students of the 11th grade of a regular Visual Arts course, aged between 15 and 17, construct Historical Evidence and develop their ideas about this metahistorical concept based on sources of diverse support surrounding the artistic reality of Romanticism and Realism, integrated into “Module 8: The Culture of the Station – Speed takes over” (Ministerio da Educação, 2022, p. 8). If, initially, students considered sources to be mere mirrors of the past containing information considered to be right or wrong, with the development of the Supervised Teaching Practice, the students’ ideas progressed, given that they sought to question, analyse and interpret the sources, as well as intersect their different messages.