A organização dos exames nacionais de português de 2015: avaliação nos domínios da leitura, escrita e gramática

Abstract

Sistematicamente, os exames nacionais têm sido objeto de várias discussões, sendo questionados ao nível da sua conceção e natureza, das suas funções ou resultados. De facto, se aceitarmos que assumem um papel significativo para o Estado, pois servem a regulação do sistema e o controlo de professores e alunos, eles acabam também por condicionar o currículo das disciplinas que são objeto de avaliação. Assim, depois de outras análises de exames de Português (Silva, 2009), este novo estudo assume por objetivos verificar como estão concebidas e estruturadas as provas de exame de Português e, simultaneamente, caracterizar os três domínios (leitura, escrita e gramática) que são avaliados nas provas dos vários níveis de escolaridade. Tomando por objeto e como corpus os enunciados dos exames de Português realizados em 2015 (as provas do 4º, 6º, 9º e 12º anos de escolaridade), este trabalho analisará os textos (um informativo e outro narrativo, em todas as provas) e algumas questões colocadas sobre os vários domínios: leitura, escrita e gramática. Para concretizar este estudo, usaremos algumas dimensões analíticas que têm a ver com: a) definição dos tipos de pergunta utilizados; b) identificação dos conteúdos implicados; c) categorização dos níveis de (re)conhecimento e das competências linguísticas; d) avaliação da representação sobre os três domínios da língua. Em suma, a hipótese que aqui se pretende testar é se os domínios e os métodos de avaliação externa das competências verbais podem determinar alguma configuração específica (e renovada) do ensino do Português, língua materna.